Lyrics and translation GOG feat. Ellen Oléria - Carta à Mãe África - Ao Vivo

Carta à Mãe África - Ao Vivo

É preciso ter pés firmes no chão
Sentir as forças vindas dos céus, da missão...
Dos seios da mãe África e do coração
É hora de escrever entre a razão e a emoção
Mãe! Aqui crescemos subnutridos de amor
A distância de ti, o doloroso chicote do feitor...
Nos tornou algo nunca imaginavel, imprevisível
E isso nos trouxe um desconforto horrível
As trancas, as correntes, a prisão do corpo outrora...
Evoluiram para a prisão da mente agora
Ser preto é moda, concorda? Mas só no visual
Continua caso raro ascensão social
Tudo igual, só que de maneira diferente
A trapaça mudou de cara, segue impunemente
As senzalas são as ante salas das delegacias
Corredores lotados por seus filhos e filhas...
Hum! Verdadeiras ilhas, grandes naufrágios
A falsa abolição fez vários estragos
Fez acreditarem em racismo ao contrário
Num cenário de estações rumo ao calvário
Heróis brancos, destruidores de quilombos
Usurpadores de sonhos, seguem reinando...
Mesmo separado de ti pelo Atlântico
Minha trilha são seus românticos cantos
Mãe! Me imagino arrancado dos seus braços
Que não me viu nascer, nem meus primeiros passos
O esboço! É o que tenho na mente do teu rosto
Por aqui de ti falam muito pouco
E penso... Qual foi o erro cometido?
Por que fizeram com a gente isso?
O plano fica claro... É o nosso sumiço
O que querem os partidários, os visionários disso
Eis a qüestão...
A maioria da população tem guetofobia
Anomalia sem vacinação.
E o pior, a triste constatação:
Muitos irmãos patrocinam o vilão...
De várias formas oportunistas, sem perceber
Pelo alimento, fome, sede de poder
E o que menos querem ser e parecer...
Alguém que lembre, no visual, você.

A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra

Os tiros ouvidos aqui vêm de todos os lados
Mas não se pode seguir aqui agachado
É por instinto que levanto o sangue Banto-Nagô...
E em meio ao bombardeio
Reconheço quem sou, e vou...
Mesmo ferido, ao fronte, ao combate
E em meio a fumaça, sigo sem nenhum disfarce
Pois minha face delata ao mundo o que quero:
Voltar para casa, viver meus dias sem terno
Eterno! É o tempo atual, na moral
No mural vedem uma democracia racial
E os pretos, os negros, afro-descendentes...
Passaram a ser obedientes, afro-convenientes.
Nos jornais, entrevistas nas revistas
Alguns de nós, quando expõem seus pontos de vista
Tentam ser pacíficos, cordiais, amorosos
E eu penso como os dias tem sido dolorosos
E rancorosos, maldosos muitos são,
Quando falamos numa miníma reparação:
- Ações afirmativas, inclusão, cotas?!
- O opressor ameaça recalçar as botas.
Nos mergulharam numa grande confusão
Racismo não existe e sim uma social exclusão
Mas sei fazer bem a diferenciação
Sofro pela cor, o patrão e o padrão
E a miscigenação, tema polêmico no gueto
Relação do branco, do índio com preto
Fator que atrasou ainda mais a auto-estima:
-Tem cabelo liso, mas olha o nariz da menina
O espelho na favela após a novela é o divã
Onde o parceiro sonha em ser galã
Onde a garota viaja...
Quer ser atriz em vez de meretriz
Onde a lágrima corre como num chafariz
Quem diz! Que este povo foi um dia unido
E que um plano o trouxe para um lugar desconhecido
Hoje amado (Ah! muito amado.), são mais de quinhentos anos
Criamos nossos laços, reescrevemos sonhos
Mãe! Sou fruto do seu sangue, das suas entranhas
O sistema me marcou, mas não me arrebanha
O predador errou quando pensou que o amor estanca
Amo e sou amado no exílio por dona sebastiana

A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra
A carne mais barata do mercado é a negra,
A carne mais marcada pelo Estado é a negra

Letter to Mother Africa - Live

It is necessary to have firm feet on the ground
To feel the forces coming from the heavens, from the mission...
From the breast of mother Africa and the heart
It is time to write between reason and emotion
Mother! Here we grow malnourished of love
The distance from you, the painful whip of the foreman...
Made us something unimaginable, unpredictable
And that brought us a horrible discomfort
The shackles, the currents, the imprisonment of the body once...
Evolved into the imprisonment of the mind now
Being black is fashionable, do you agree? But only visually
Social ascension remains a rare case
Everything is the same, only in a different way
The deceit has changed its face, it continues with impunity
The slave quarters are the waiting rooms of the police stations
Corridors crowded by your sons and daughters...
Hum! True islands, great shipwrecks
The false abolition did a lot of damage
Made people believe in reverse racism
In a scenario of stations heading to Calvary
White heroes, destroyers of quilombos
Usurpers of dreams, they continue to reign...
Even separated from you by the Atlantic
My trail is your romantic songs
Mother! I imagine myself torn from your arms
Who didn't see me born, nor my first steps
The sketch! It's what I have in my mind of your face
Around here they talk very little about you
And I think... What was the mistake I made?
Why did they do this to us?
The plan is clear... It's our disappearance
What do the partisans, the visionaries of this, want
That is the question...
The majority of the population has guetophobia
Anomaly without vaccination.
And the worst, the sad realization:
Many brothers sponsor the villain...
In various opportunistic ways, without realizing it
By food, hunger, thirst for power
And what they least want to be and look like...
Someone who reminds you, visually, of you.

The cheapest meat on the market is black,
The flesh most marked by the State is black
The cheapest meat on the market is black,
The flesh most marked by the State is black

The shots heard here come from all sides
But you can't keep crouching here
It is by instinct that I raise the Bantu-Nagô blood...
And in the middle of the bombing
I recognize who I am, and I go...
Even wounded, to the front, to combat
And amidst the smoke, I continue without any disguise
For my face betrays to the world what I want:
To go home, to live my days without a suit
Eternal! It is the current time, morally
On the mural they sell a racial democracy
And the blacks, the blacks, the afro-descendants...
They became obedient, afro-convenient.
In the newspapers, interviews in magazines
Some of us, when they expose their points of view
They try to be peaceful, cordial, loving
And I think how painful the days have been
And many are spiteful, malicious,
When we talk about minimal reparation:
- Affirmative action, inclusion, quotas?!
- The oppressor threatens to put his boots back on.
They plunged us into great confusion
Racism does not exist, but a social exclusion
But I know how to make the difference
I suffer for the color, the boss and the standard
And miscegenation, a polemical theme in the ghetto
Relationship of the white, the Indian with the black
A factor that further delayed self-esteem:
-She has straight hair, but look at the girl's nose
The mirror in the favela after the soap opera is the couch
Where the partner dreams of being a heartthrob
Where the girl travels...
She wants to be an actress instead of a harlot
Where the tear runs like a fountain
Who says! That this people was once united
And that a plan brought him to an unknown place
Today loved (Ah! much loved.), they are more than five hundred years old
We create our ties, we rewrite dreams
Mother! I am the fruit of your blood, of your womb
The system marked me, but it doesn't herd me
The predator was wrong when he thought love would stop
I love and am loved in exile by Dona Sebastiana

The cheapest meat on the market is black,
The flesh most marked by the State is black
The cheapest meat on the market is black,
The flesh most marked by the State is black