Lyrics and translation Renato Braz - Trentina

Trentina

Rovereto, Ouro Preto, um camim, meio do mato
Piedade, o capim, nove horas tem missa
Cadê seu missal, Zizinha, Joaquim?

Já vai dar seis horas, a mesa tá posta
Virgílio aponta a beleza da encosta
E na gente a imensa paixão

Castelos, assombros e mais estações
Troféus de caçada, muro, monções
'Que alma no mundo é sem senões?'*

O olhar de Sofia
Nem imagina, nem desconfia
Quanto ela provocou da minha frágil paixão

Dudu, seu irmão, menino de colo
Eu sei, foi Apolo o deus que lhes deu
Esse olhar claro e quente que me ganhou

Um lobo saiu do Caraça
E passa voando tirando um fino
O meu coração trentino é um cafarnaum

Admirei maçãs no caminho do Castelo Thun
Aonde eu cantei mais tranqüilo
E sereno do que pensei

Vi a fôrma da hóstia que o bispo benzeu
A cisterna, a uva, a memória no breu
Telhado e telhas que a chuva torceu

Falaram de um verso latino que é feito
De um espondeu e dois coriambos
E um jambo que o tempo colheu e comeu

Vê-se que o tempo ali desistiu
Sob tábuas, túneis, tonéis e barril
Fundição, mulheres, véus e funil

Passei a ponte, subi a torre
Do Castelo Thun, pensei minha vida
Eu era sozinho, eu era nenhum

A capela, o século quase comeu
Umas pedras, o século treze engoliu
Tinha gente que o século não demoliu

Era eu na janela com olhar de jejum
Eu e Gilson e Beppo, Antonello e mais um
Era nós e Francisco no Castelo Thun.

Trentina

Rovereto, Ouro Preto, a path, halfway through the wilderness
Piedade, the grass, the mass is at nine o'clock
Where is your missal, Zizinha, Joaquim?

It will already be six o'clock, the table is set
Virgílio emphasizes the beauty of the slope
And within us the immense passion

Castles, ghosts and more stations
Hunting trophies, wall, monsoons
'What soul in the world is without flaws?'*

Sofia's gaze
Neither imagines nor suspects
How much she provoked my fragile passion

Dudu, his brother, a baby in arms
I know, Apollo was the god who gave them
That clear and warm gaze that won me over

A wolf left the Caraça
And flies by, whistling a fine tune
My Trentino heart is a jumble

I admired apples on the path to Castelo Thun
Where I sang more calmly
And more serenely than I thought

I beheld the shape of the wafer that the bishop blessed
The cistern, the grape, the memory in the darkness
Roof tiles twisted by the rain

They spoke of a Latin verse that is made
Of a spondee and two choriambs
And an iamb that time gathered and consumed

It is seen that time gave up there
Under planks, tunnels, barrels and funnels
Foundry, women, veils and crucibles

I crossed the bridge, climbed the tower
Of Castelo Thun, I thought about my life
I was alone, I was a nobody

The chapel, the century almost ate
Some stones, the century thirsty swallowed
There were people that the century did not destroy

It was me in the window gazing fasting
Me and Gilson and Beppo, Antonello and one more
It was us and Francisco in Castelo Thun.