Paroles et traduction André Mehmari & Ná Ozzetti - O Ciúme

O Ciúme

Dorme o sol à flor do Chico, meio dia, tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia, só vigia um ponto negro: o meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta e se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta, entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico, vens de Minas, de onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só eu só eu só eu

Juazeiro, nem te lembras desta tarde, Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde, tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala, paira monstruosa a sombra do ciúme

Jealousy

The sun sleeps at Chico's flower, midday, everything runs into each other, drunk on its light
Bridge, Pernambuco, Rio, Bahia, sleep, only a black dot keeps watch: my jealousy

Jealousy shot its black arrow and found itself wounded right in the throat
Who, neither happy nor sad, nor a poet, sings between Petrolina and Juazeiro

Old Chico, you come from Minas, from where the mystery's secret hid
I know you carry it all within you, you don't teach me
And I am only me me me me me

Juazeiro, you don't even remember this afternoon, Petrolina, you didn't even notice
But in the voice that sings everything still burns, everything is loss, everything seeks, where is it?

So many people sing, so many people are silent
So many souls stretched out in the tannery
Over every road, over every room, the shadow of jealousy hovers monstrously