Paroles et traduction Criolo feat. Milton Nascimento - Me Corte na Boca do Céu a Morte Não Pede Perdão

Me Corte na Boca do Céu a Morte Não Pede Perdão

Me corte na boca do céu a morte não pede perdão
É o tambor desse destino oblíquo na palma da mão
Abre a porta da lua laranja aos montes quem lhe manjara
É que essa ponta solta é fumaça e chave que chapa a cara

Se os corais tivessem braços e pernas, pegariam em armas
Pra travar guerra civil com a terra fuzil de subaquática
O Estado acusa o golpe, fogueteiro não dá vacilo
E o que a faca arranca da cobra, dorme na zoeira do guizo

A mãe preta no barraco, o mundo é injusto
Porque só sobrou pra ela o balaio do peso do amor
E eu me vesti de solidão, me vesti de solidão
E eu vou pro meio da rua, carnaval é multidão
Fantasia pra alegoria, teu posto é só uma ilusão
Há uma vaga em aberto na embaixada, há podridão (e eu?)

Sem Deus no coração sou só uma unidade de carvão
E o menino carvoeiro na fé que move a nação
Ao ateu a reza e ao rezado a razão
E que no aterro da desgraça suba o cheiro da comunhão
Soldado morre na guerra do tráfico seu pai perguntou
Porque nobre não manda seu filho pra morrer com anel de doutor?
Na biqueira o outro filho com quem o irmão soldado trocou
Esticado em duas valas, dois filhos, um pai chorou
É que aqui só morre pobre, isso a TV não mostrou
Ou mostrou e eu nem percebi do sofismo que impregnou
Eu me vesti de solidão, me vesti de solidão
Eu vou pro meio da rua, Carnaval é multidão
Fantasia pra alegoria, teu posto é só uma ilusão
Há uma vaga em aberto na embaixada há podridão

Eu me vesti de solidão, me vesti de solidão
Eu vou pro meio da rua, Carnaval é multidão
Fantasia pra alegoria, teu posto é só uma ilusão
Há uma vaga em aberto na embaixada há podridão

Cut Me at the Mouth of Heaven, Death Doesn't Ask for Forgiveness

Cut me at the mouth of heaven, death doesn't ask for forgiveness
It's the drum of this oblique fate in the palm of your hand
Open the door of the orange moon, to the mountains who wished you well
Because that loose end is smoke and a key that slaps your face

If the corals had arms and legs, they would take up arms
To wage civil war with the earth, an underwater rifle
The state accuses the coup, the rocket man doesn't flinch
And what the knife rips from the snake, sleeps in the rattle's banter

The black mother in the shack, the world is unjust
Because all that's left for her is the basket of the weight of love
And I dressed myself in solitude, I dressed myself in solitude
And I'm going to the middle of the street, Carnival is a crowd
Fantasy for allegory, your position is just an illusion
There's an open vacancy at the embassy, there's rottenness (and me?)

Without God in my heart, I'm just a unit of coal
And the coal boy in the faith that moves the nation
To the atheist the prayer and to the prayer the reason
And that from the landfill of misfortune, the smell of communion rises
The soldier dies in the war of the traffickers, your father asked
Why doesn't a noble send his son to die with a doctor's ring?
In the crack house, the other son, with whom the soldier brother exchanged
Stretched out in two graves, two sons, a father cried
Because only the poor die here, that's what the TV didn't show
Or it showed and I didn't even notice the sophistry that impregnated
I dressed myself in solitude, I dressed myself in solitude
I'm going to the middle of the street, Carnival is a crowd
Fantasy for allegory, your position is just an illusion
There's an open vacancy at the embassy, there's rottenness

I dressed myself in solitude, I dressed myself in solitude
I'm going to the middle of the street, Carnival is a crowd
Fantasy for allegory, your position is just an illusion
There's an open vacancy at the embassy, there's rottenness