Paroles et traduction César Oliveira - Cantiga para o Meu Chão

Cantiga para o Meu Chão

Sinto na goela a força desta cantiga
Que certamente há de irmanar o meu povo
Pra que a esperança e humilde se acolherem
E se entreverem na busca de um mundo novo

Erguendo ranchos de santa fé e pau a pique
Bolcando a terra com mariposas e arados
Semeando vidas na imensidão deste pampa
Mantendo a estampa do Rio Grande abagualado

Foi junto aos tauras que nasceram das peleias
E os que entregaram corpo e alma ao nosso chão
Que veio à tona este apego sem costeio
Que faz floreio e nos golpeia o coração

Temos nas veias o mesmo sangue dos guapos
Temos no peito a mesma gana dos outros
Que se extraviaram em faturas de gado alçado
Ou nos banhados sumiram boleando potros

Esta querência falquejada a ferro e fogo
Fez do gaúcho um centauro sobre a terra
Trazendo adiante uma trajetória que encanta
E na garganta um bravo grito de guerra

Este gaudério que cortou várzeas e grotas
Desdobrou léguas na volta dos corredores
Costeou matreiros sovando garras e laços
Abrindo espaços pra ginetes e pealadores

Um sentimento dentro de mim se alvorota
Por isso eu canto clamando por liberdade
A esta gente que luta changueando uns cobres
E além de pobres enfrentam desigualdades

Mas algum dia há de brotar campo à fora
Frutos de um sonho que um dia serão tronqueira
Pra palanquear uma tropilha de mouros
E os índios touros vão surgir na polvoadeira!

A Song for My Land

I feel the strength of this song in my throat
That will surely unite my people
So that hope and humility find refuge
And find themselves in the search for a new world

Raising ranches of holy faith and wooden stakes
Overturning the earth with butterflies and plows
Sowing life in the immensity of this prairie
Preserving the image of the unbridled Rio Grande

It was with the bulls that were born from the fights
And those who gave their bodies and souls to our land
That this attachment without cost came to the surface
That blossoms and strikes our hearts

In our veins flows the same blood as the strong
In our chests we have the same desire as others
Who lost their way in invoices of stolen cattle
Or in the wetlands disappeared roping colts

This land scarred by iron and fire
Made the gaucho a centaur on earth
Bringing forward an enchanting trajectory
And in his throat a brave war cry

This horseman who cut through meadows and caves
Unfolded leagues in the return of the corridors
He rubbed shoulders with rogues, kneading claws and lassos
Opening spaces for riders and wrestlers

A feeling within me is in turmoil
That's why I sing, crying out for freedom
To these people who fight, bartering for pennies
And besides being poor, face inequalities

But someday the countryside will sprout
Fruits of a dream that will one day be a corral
To round up a herd of wild horses
And the fierce Indians will appear in the dust!