Paroles et traduction José Afonso, Fausto, Julio Pereira, Sergio Mestre, Janita Salome, Octavio Sergio, Lopes de Almeida, Antonio Sergio, Durval Moreirinhas, Rui Pato, Rui Castro, Guilherme Ines & Rui Júnior - A morte saiu a rua

A morte saiu a rua

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
O som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação

A Morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome, pra qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
O som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

O pintor morreu
O pintor morreu...

The Reaper Walked the Streets

Death was walking down the street one day
In no man's land where fates held sway
A crimson drop upon the pavement bleeds
And a river of blood from an open wound

The wind blowing through the sugar cane
And a Portuguese reaper's scythe
The sound of the anvil like a trumpet from heaven
Echoing everywhere that the painter is dead

Your blood, painter, demands another such death
An eye for an eye, a tooth for a tooth
For the assassin's law, the death that murdered you
Your body belongs to the earth that embraced you

Here we affirm an eye for an eye
That one day the last laugh will be ours
Around the bend in the road there are holes in the ground
And in each will bloom roses of a new nation

Death was walking down the street one day
In no man's land where fates held sway
A crimson drop upon the pavement bleeds
And a river of blood from an open wound

The wind blowing through the sugar cane
And a Portuguese reaper's scythe
The sound of the anvil like a trumpet from heaven
Echoing everywhere that the painter is dead

The painter is dead
The painter is dead...