Paroles et traduction João Pedro Pais - Onde Estás Tu, Mamã (Canção de Lisboa)

Onde Estás Tu, Mamã (Canção de Lisboa)

Os serões habituais
E as conversas sempre iguais
Os horóscopos, os signos e ascendentes
Mas a vida da outra sussurrada entre dentes

Os convites nos olhos embriagados
E os encontros de novos adiados
Nos ouvidos cansados ecoa
A canção de Lisboa

Não está só a solidão
Há tristeza e compaixão
Quando o sono acalma os corpos agitados
Pela noite atirados contra colchões errados

Há o silêncio de quem não ri nem chora
Há divórcio entre o dentro e o fora
Há quem diga que nunca foi boa
A canção de Lisboa, ai

Mamã, mamã
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã
Libertar-nos do mal

Mamã, mamã
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã
Libertar-nos do mal

A urgência de agarrar
Qualquer coisa pa′ mostrar
Que, afinal, nós também temos mão na vida
Mesmo que seja à custa de a vivermos fingida

O estatuto para impressionar o mundo
Não precisa de ser mais profundo
Que o marasmo que nos atordoa
Oh, canção de Lisboa

As vielas de néon
As guitarras já sem som
Vão mantendo viva a tradição da fome
Que a memória deturpa e o orgulho consome

Entre o orgasmo na gruta ainda fria
E o abandono da carne vazia
Cada um no seu canto entoa
A canção de Lisboa, ai

Mamã, mamã
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã
Libertar-nos do mal

Mamã, mamã
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã
Libertar-nos do mal

Where Are You, Mother (Song of Lisbon)

The usual evenings
And the same old conversations
Horoscopes, signs, and ascendants
But the lives of others whispered through gritted teeth

Invitations in drunken eyes
And new encounters postponed
In tired ears echoes
The song of Lisbon

Loneliness is not alone
There is sadness and compassion
When sleep calms agitated bodies
In the night, thrown against the wrong mattresses

There is the silence of those who neither laugh nor cry
There is divorce between the inside and the outside
There are those who say it was never good
The song of Lisbon, oh

Mother, mother
Where are you, mother?
Without you, we don't know, mother
Free us from evil

Mother, mother
Where are you, mother?
Without you, we don't know, mother
Free us from evil

The urgency to grab
Anything to show
That, after all, we too have a hand in life
Even if it means living it pretending

The status to impress the world
Doesn't need to be deeper
Than the apathy that stuns us
Oh, song of Lisbon

Neon alleys
Guitars silent
Keep alive the tradition of hunger
That memory distorts and pride consumes

Between the orgasm in the still cold cave
And the abandonment of the empty flesh
Each one in their corner sings
The song of Lisbon, oh

Mother, mother
Where are you, mother?
Without you, we don't know, mother
Free us from evil

Mother, mother
Where are you, mother?
Without you, we don't know, mother
Free us from evil