Ofertório - Milton Nascimento traduction en anglais

Ofertório

Trazemos nos olhos as águas dos rios
O brilho dos peixes, a sombra da mata
Orvalho da noite, o espanto da caça
A dança dos ventos, a lua de prata
Trazemos nos olhos o mundo, senhor

O som do atabaque marcando a cadência
Dos negros batuques nas noites imensas
Da África negra, da negra Bahia
Das Minas Gerais os surdos lamentos
Calados tormentos, acolhe, Olorum

A brasa dos ferros lavrou-nos na pele
Lavrou-nos na alma, caminhos de cruz
Recusa, Olorum, o grito, as correntes
E a voz do feitor, recebe o lamento
Acolhe a revolta dos negros, senhor

Os pés tolerados na roda de samba
O corpo domado nos ternos do congo
Inventam na sombra a nova cadência
Rompendo cadeias, forçando caminhos
Ensaiam libertos a marcha do povo
A festa dos negros, acolhe, Olorum

Offering

In our eyes, we bring the waters of rivers,
The fishes' bright gleam, the forest's deep shade,
Night's gentle dew, the thrill of the hunt,
The dance of the winds, the moon's silver cascade.
We bring the world in our eyes, my love.

The atabaque's sound sets the rhythm's pace,
Of black drumming through vast, starlit nights,
From Africa's heart, from Bahia's embrace,
From Minas Gerais, soft, sorrowful cries,
Silent torments, Olorum, hear our plight.

The irons' burning brand seared upon our skin,
Etched in our souls, paths of pain and strife,
Reject, Olorum, the screams, the chains' hold,
And the overseer's voice, receive our lament,
Embrace the revolt of the black souls, my love.

Feet find solace in the samba's sway,
Bodies subdued in the congo's attire,
In shadows, they craft a new rhythm's display,
Breaking chains, forging paths, setting hearts afire.
Freed, they rehearse the people's grand march,
The black celebration, Olorum, take charge.