Paroles et traduction Stereossauro feat. Carlos Do Carmo, The Legendary Tigerman & Ricardo Gordo - Cacilheiro

Cacilheiro

Lá vai no mar da palha o cacilheiro,
Comboio de Lisboa sobre a água:
Cacilhas e Seixal, Montijo mais Barreiro.
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Na ponte passam carros e turistas
Iguais a todos que há no mundo inteiro,
Mas, embora mais caras, a ponte não tem vistas
Como as dos peitoris do cacilheiro.

Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no tejo
Por uma criança.

Num carreirinho aberto pela espuma,
La vai o cacilheiro, Tejo à solta,
E as ruas de Lisboa, sem ter pressa nenhuma,
Tiraram um bilhete de ida e volta.

Alfama, Madragoa, Bairro Alto,
Tu cá-tu lá num barco de brincar.
Metade de Lisboa à espera do asfalto,
E já meia saudade a navegar.

Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no Tejo
Por uma criança.

Se um dia o cacilheiro for embora,
Fica mais triste o coração da água,
E o povo de Lisboa dirá, como quem chora,
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Ferryman

Off to sea in the ferryman's boat,
Train from Lisbon sails across the stream,
Barreiro, Seixal, Montijo, Cacilhas.
Oh, little Tagus, little Tagus, such pain.

Across the bridge pass cars and tourists,
The same as any others in the world,
Though it may cost more to cross, the bridge lacks views
Like from the ferryman's deck.

Carries lovers, soldiers,
Sailors and laborers,
Setting out from a dock
That smells of newspapers,
Strawberries and flowers.
Returns in joy,
Many souls aboard,
Yet never weary.
Seems like paper boat,
A child's toy sent
Sailing down the river.

In a lane carved open through the foam,
Off sails the ferryman, Tagus unchained,
And Lisbon's streets, in no great rush,
Have bought a ticket, there and back again.

Alfama, Madragoa, Bairro Alto,
Back and forth in a playful boat.
Half of Lisbon stays on asphalt,
And half sails off in longing.

Carries lovers, soldiers,
Sailors and laborers,
Setting out from a dock
That smells of newspapers,
Strawberries and flowers.
Returns in joy,
Many souls aboard,
Yet never weary.
Seems like paper boat,
A child's toy sent
Sailing down the river.

If one day the ferryman should leave,
The water's heart will grow heavy,
And Lisbon's people, weeping, will grieve,
Oh, little Tagus, little Tagus, such pain.