Paroles et traduction Sérgio Reis - O Menino da Porteira

O Menino da Porteira

Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abria a porteira e depois vinha me pedindo
Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo

Quando a boiada passava e a poeira ia baixando
Eu jogava uma moeda e ele saía pulando
Obrigado, boiadeiro, que D-us vá lhe acompanhando
Por aquele sertão afora meu berrante ia tocando
Nos caminhos desta vida muitos espinhos eu encontrei
Mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada, o menino não avistei

Apeei do meu cavalo e no ranchinho beira-chão
Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão
Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração
Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem
Quando passo na porteira até vejo a sua imagem
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem

A cruzinha no estradão do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais
Nem que o meu gado estoure, que eu precise ir atrás
Neste pedaço de chão, berrante eu não toco mais

The Boy from the Gate

Every time I traveled down the Ouro Fino road
In the distance, I would see the figure of a boy
Who would run to open the gate, and then come to me and say
Play the horn, mister, so I can hear

As the cattle passed by and the dust settled
I would toss him a coin and he would jump up and down
Thank you, cowboy, may G-d go with you
My horn would play throughout the backlands
On life's journey, I encountered many thorns
But none pierced deeper than the one I experienced
On my return trip, something felt amiss
The gate was closed, and the boy was nowhere to be seen

I dismounted my horse and went to the small ranch house
I saw a woman crying and asked her why
Cowboy, you're too late, look at the cross on the road
My son was killed by a heartless bull
In the lands beyond Ouro Fino, driving wild cattle
When I pass the gate, I still see his face
Its mournful creak seems like a message
Of that young, brown-skinned boy, wishing me well

The small cross on the road haunts my thoughts
I've made a vow that I will never forget
Even if my cattle stampede and I must follow
On this piece of land, I will never play my horn again