Текст и перевод песни CAPICUA - Síndroma de Peter Pan

Síndroma de Peter Pan

Quem é que quer crescer? Quem é que quer crescer?
Quem é que quer usar gravata, pôr a farda, envelhecer?
Quem é que quer rugas no rosto e responsabilidade?
Viver a contra-gosto como é próprio da idade?

Ana, mulher Balzaquiana, me confesso
Detesto fazer anos porque sinto o tempo escasso
P'ra tanta coisa e tanto espaço
P'ra esta vontade de voar e deixar rasto e até p'ó erro crasso

Como o coelho da Alice, o tempo tem sempre pressa
E o relógio biológico em contagem decrescente é o que me stressa
Nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um, zero

Não dá pa' estar deitada ao sol na areia da ampulheta
Já que a areia é movediça, eu não vou ficar quieta
Pois foi crescendo com a idade, uma espécie de ambição de ter sentido
E ser eterna como só os artistas são

Fazer a diferença, carpe diem em câmara lenta
Até aos noventa sem aceitar que a morte
Seja só uma caixa preta que nos prende
Inoportuna, interrompendo a nossa agenda

Enquanto o mundo continua como se nada fosse
Com aquela indiferença de que tudo é agridoce
E se houvesse uma outra chance, imagina
Se ainda a luz no fim do túnel for o sair de outra barriga

Quem é que quer crescer? Quem é que quer crescer?
Quem é que quer ter consciência de que a vida vai doer?
É que com 20 eu percebi como é fácil ficar louco
Como é fina a fronteira entre este lado e o outro

E com 30 apercebi-me como é fácil ficar velho
E como é rápida a mudança do outro lado do espelho
E se a idade não diz nada na verdade
E é apenas uma data no bilhete de identidade

Porque é que esta sociedade faz sentir na realidade
Que caminhar p'ra velhice é uma contagem regressiva
Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um, zero

Há que aceitar a morte e não temer a mudança
Enfrentar o crocodilo do relógio na pança
Viver como as tartarugas, fiéis às suas rugas
200 anos de casca e de muitas aventuras

E que o tempo seja lento para que os mais velhos não envelheçam de repente
E que quando nos faltarem a gente seja valente
E através da nossa vida
Perdurem eternamente e assim sucessivamente

Que eu tenha sempre a vida toda pela frente
E tenha em mente que o presente é um presente
Que o ontem seja sempre mais curto que o amanhã
E que mesmo sendo adulta viva como o Peter Pan
Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um

Quero viver nesse lugar onde nunca é muito tempo
Onde nunca se diz adeus e nunca se cresce
Nesse lugar entre o sonho e a vigília
Onde se pode chegar sonhando
E onde estarei para sempre à tua espera

Peter Pan Syndrome

Who wants to grow up? Who wants to grow up?
Who wants to wear a tie, put on a uniform, grow old?
Who wants wrinkles on their face and responsibility?
To live begrudgingly as is expected with age?

Ana, a woman in her Balzacian age, I confess
I hate having birthdays because I feel time is scarce
For so many things and so much space
For this desire to fly and leave a trail and even for a gross mistake

Like Alice's rabbit, time is always in a hurry
And the biological clock counting down is what stresses me
Nine, eight, seven, six, five, four, three, two, one, zero

There's no time to lie in the sun on the sand of the hourglass
Since the sand is shifting, I won't stay still
Because a kind of ambition to have meaning grew with age
And to be eternal as only artists are

To make a difference, carpe diem in slow motion
Until ninety without accepting that death
Is just a black box that traps us
Untimely, interrupting our agenda

While the world goes on as if nothing happened
With that indifference that everything is bittersweet
And if there were another chance, imagine
If the light at the end of the tunnel is still coming out of another womb

Who wants to grow up? Who wants to grow up?
Who wants to be aware that life will hurt?
It's just that at 20 I realized how easy it is to go crazy
How thin the line is between this side and the other

And at 30 I realized how easy it is to get old
And how fast the change is on the other side of the mirror
And if age doesn't really say anything
And it's just a date on the identity card

Why does this society make you feel in reality
That walking towards old age is a countdown
Ten, nine, eight, seven, six, five, four, three, two, one, zero

We must accept death and not fear change
Face the crocodile of the clock in the belly
Live like turtles, faithful to their wrinkles
200 years of shell and many adventures

And may time be slow so that the elderly don't age suddenly
And may we be brave when they are gone
And through our lives
May they endure forever and so on

May I always have my whole life ahead of me
And keep in mind that the present is a gift
May yesterday always be shorter than tomorrow
And even as an adult, may I live like Peter Pan
Ten, nine, eight, seven, six, five, four, three, two, one

I want to live in that place where it's never too late
Where you never say goodbye and never grow up
In that place between dream and wakefulness
Where you can arrive dreaming
And where I will be forever waiting for you