Текст и перевод песни Chico Buarque feat. Rafael Mike - As Caravanas

As Caravanas

É um dia de real grandeza, todo azul
Um mar turquesa à la Istambul
Enchendo os olhos
E um sol de torrar os miolos
Quando pinta em Copacabana
A caravana do Arará
Do Caxangá, da Chatuba
A caravana do Irajá
O comboio da Penha
Não há barreira que retenha
Esses estranhos
Suburbanos tipo muçulmanos
Do Jacarezinho
A caminho do Jardim de Alá
É o bicho, é o buchicho, é a charanga
Diz que malocam seus facões
E adagas
Em sungas estufadas e calções disformes, é
Diz que eles têm picas enormes
E seus sacos são granadas
Lá das quebradas da Maré
Com negros torsos nus deixam em polvorosa
A gente ordeira e virtuosa que apela
Pra polícia despachar de volta
O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné
Sol, a culpa deve ser do sol
Que bate na moleira, o sol
Que estoura as veias, o suor
Que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar
Engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana do Arará
Não há, não há
Sol, a culpa deve ser do sol
Que bate na moleira, o sol
Que estoura as veias, o suor
Que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
De caravelas no alto mar, ah
Tem que bater, tem que matar
Engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana, nem caravana
Nem caravana do Arará

The Caravans

It's a day of royal splendor, blue all over
A turquoise sea like Istanbul
Filling up the eyes
And a sun that would burn your brains
When it shines on Copacabana
The Arará caravan
From Caxangá, from Chatuba
The caravan from Irajá
The train from Penha
No barrier can hold back
These strangers
Suburban types like Muslims
From Jacarezinho
On the way to Jardim de Alá
It's the beast, it's the buzz, it's the brass band
They say they hide their knives
And daggers
In puffy swimsuits and shapeless shorts, is
They say they have huge pikes
And their bags are grenades
From the slums of Maré
With naked black torsos they leave in the dust
Us orderly and virtuous folks who appeal
For the police to ship back
The rabble to the favela
Or to Benguela, or to Guinea
Sun, the sun must be to blame
Beating on the top of my head, the sun
That bursts the veins, the sweat
That blurs the eyes and the mind
And this racket in the prison
Blacks piled up in the hold
Of caravels on the high seas
We have to beat them, we have to kill them
The clamor grows
Daughter of fear, anger is the mother of cowardice
Or am I crazy to hear voices
There are no people so insane
Not even the Arará caravan
No, there aren't
Sun, the sun must be to blame
Beating on the top of my head, the sun
That bursts the veins, the sweat
That blurs the eyes and the mind
And this racket in the prison
Blacks piled up in the hold
Of caravels on the high seas, ah
We have to beat them, we have to kill them
The clamor grows
Daughter of fear, anger is the mother of cowardice
Or am I crazy to hear voices
There are no people so insane
Not even a caravan, not even a caravan
Not even the Arará caravan