Текст и перевод песни DJ Caique feat. Rapadura - Versos Íntimos

Versos Íntimos

O que posso dizer é que sou grato
Até pelas dificuldades da vida
Que Deus abençoe o nosso dia
Amém

O céu chora e o mundo lá fora é tão frio e denso
Mas aqui dentro me devora um vazio imenso
Quanto mais penso
Tudo só piora, me sinto tenso
Preciso ir embora tô morrendo por que nasci intenso
Quanto mais amo, transo com teu desprezo e me fodo
Já não me derramo, tô seco e com medo do aborto
Por anos atiro a esmo, sou mesmo um peso morto
Universo em desencanto, corpo preso mesmo solto
Eu desvendei o mistério dessas faces boas
E hoje sou estéril, e não quero estar com pessoas
Quanto mais se entrega, se doa, se nega e magoa
Cometi o adultério traindo meus versos com outras
Meras folhas virgens, se excitam ou fingem?
Poesias felizes, tão belas quanto atrizes
Tive noites sublimes, amigos e meretrizes
Sem grana, sem convívio, sozinho em dias de crises
Entre deslizes, só o eco de términos precoces
O ego sem limite, o velho método de posse
Enxergo com vertigens, me entrego a metamorfose
Pretérito imperfeito afeta por mais que eu me esforce
E caso force, perco o sono com o stress
Eu já nem sonho pois os sonhos tem demônios fiéis
Somos errôneos, sobrepomos nossos donos em anéis
Matrimônios são só sinônimos, nomes em papéis

Isso é muito além de mim
Eu juro, não queria que fosse assim
Raiou, o Sol do novo dia raiou
E esse não é o meu fim
Tenho muito a dizer
Só quem ressuscitou vai conseguir me entender
Raiou, o Sol do novo dia raiou
E a minha fé não tem fim, não tem fim

Quarto vazio sempre a sós entre garrafas
Bêbado com os fantasmas da voz que desabafa
Lembranças na alma destroem o corpo em maus lençóis
O tempo é feroz, não sei do após o algoz psicografa
Me traí com palavras, jurei amor no casório
Minhas filhas não tem culpa, já nem amava a mim próprio
Cansei de dar desculpa e dos padrões impostos
Papai tá na luta, entre mortos e vivos remotos
Como Patch Adams no amargo do âmago
Mais perto da Clara Liz no vago do âmbito
Sou sonâmbulo, gosto do sábado, tem menos tráfego
Maria Flor devolve o ânimo, acalma o trânsito
Sem zona de conforto, reviro o anexo
Um anti-herói não tem que fazer sentido ou nexo
Do que esperam sou o oposto, um esboço complexo
Ser forte dói, suporto o soco e todo reflexo
Carrego um fardo incalculável e sólido
O poeta dar o máximo e é pago com o mínimo
Sou filho pródigo mas não pago o dízimo
Gênio indomável, implacável, quebrando o código
Expulso do zodíaco, caranguejo maligno
Sou de câncer, toco nuances, bagunço os signos
Romances indignos, inconstantes desígnios
Como Augusto dos Anjos na estância de versos íntimos

Isso é muito além de mim
Eu juro não queria que fosse assim
Raiou, o Sol do novo dia raiou
E esse não é o meu fim
Tenho muito a dizer
Só quem ressuscitou vai conseguir me entender
Raiou, o Sol do novo dia raiou
E a minha fé não tem fim, não tem fim

Intimate Verses

What I can say is that I'm grateful
Even for life's difficulties
May God bless our day
Amen

The sky cries and the world outside is so cold and dense
But inside me, an immense emptiness devours
The more I think
Everything just gets worse, I feel tense
I need to leave, I'm dying because I was born intense
The more I love, I sleep with your contempt and get screwed
I no longer spill, I'm dry and afraid of miscarriage
For years I shoot aimlessly, I'm really a dead weight
Disenchanted universe, body imprisoned even when free
I unraveled the mystery of those kind faces
And today I am sterile, and I don't want to be with people
The more one gives, gives, denies and hurts
I committed adultery by betraying my verses with others
Mere virgin sheets, do they get excited or pretend?
Happy poems, as beautiful as actresses
I had sublime nights, friends and harlots
Without money, without company, alone in days of crisis
Between slips, only the echo of premature endings
The ego without limits, the old method of possession
I see with dizziness, I surrender to metamorphosis
Imperfect past affects no matter how hard I try
And if I force it, I lose sleep with stress
I don't even dream anymore because dreams have faithful demons
We are wrong, we superimpose our owners in rings
Marriages are just synonyms, names on paper

This is so much bigger than me
I swear, I didn't want it to be this way
It dawned, the Sun of a new day dawned
And this is not my end
I have a lot to say
Only those who have risen will be able to understand me
It dawned, the Sun of a new day dawned
And my faith has no end, no end

Empty room always alone among bottles
Drunk with the ghosts of the voice that vents
Memories in the soul destroy the body in bad sheets
Time is fierce, I don't know what the executioner psychographs after
I betrayed myself with words, I swore love at the wedding
My daughters are not to blame, I no longer even loved myself
I'm tired of making excuses and imposed patterns
Daddy is in the fight, between dead and remote living
Like Patch Adams in the bitterness of the core
Closer to Clara Liz in the vagueness of the scope
I'm a sleepwalker, I like Saturdays, there's less traffic
Maria Flor gives back the spirit, calms the traffic
Without a comfort zone, I turn the annex upside down
An anti-hero doesn't have to make sense or connection
From what they expect, I'm the opposite, a complex sketch
Being strong hurts, I endure the punch and every reflex
I carry an incalculable and solid burden
The poet gives his best and is paid with the minimum
I am a prodigal son but I do not pay tithing
Indomitable genius, relentless, breaking the code
Expelled from the zodiac, malignant crab
I'm a Cancer, I touch nuances, I mess up the signs
Unworthy romances, fickle designs
Like Augusto dos Anjos in the abode of intimate verses

This is so much bigger than me
I swear, I didn't want it to be this way
It dawned, the Sun of a new day dawned
And this is not my end
I have a lot to say
Only those who have risen will be able to understand me
It dawned, the Sun of a new day dawned
And my faith has no end, no end