Текст и перевод песни Jorge Mautner - Negros blues

Negros blues

Quando os brancos começaram a navegar
Em suas brancas caravelas
Por mares nunca d'antes navegados
Não sabiam o que iam encontrar

Mas bem que dentro de suas cabeças
Haviam sonhos de ouro e de arcas de tesouro
Foram encontrar naquelas terras do além
Do além mar

E os negros em seus navios negreiros
Arrancados lá da África
Da Nigéria, do Dahomey, do Congo
E no porão dos navios negreiros
Inventaram a palavra camundongo

E os indígenas
Ah, os indígenas, quem são?
Mais antigos do que tudo, do que todos nós
Astronautas, atlântidas, mongóis
Sei lá, sei lá, eu sei lá
Mas quem saberá?

Não há nenhum ressentimento
Nem pingo de um outro sentimento
Nas palavras que eu digo
Nas palavras, meu amigo

Somente quem tiver o caos dentro de si
Poderá dar luz à grande estrela bailarina

Não há nenhum desejo de vingança
Só quero a paz e a esperança
Por cima desses ombros seus
Por cima destes ombros meus

O viajante era um cara
Que ficava viajando de um lugar pro outro lugar sem parar, han
Até que um dia ele começou a viajar
De um lugar para dentro daquele mesmo lugar

E um viajante é sempre um estrangeiro
É um amante da sua solidão
Ultimamente eu ando sem dinheiro
Mas vai pintar conforme a ocasião

E o profeta ficava que nem louco
Dentro do seu apartamento
Sem saber como pagar aluguel
Sonhando com aquela embriagante sombra do oásis
Do deserto azul

Ninguém é profeta em sua terra
Verdade triste esse ditado encerra
E é por isso que o profeta vai embora
Pois ele sabe que chegou a sua hora

E o profeta vai embora
Bem na boca da aurora
Exatamente e justamente
Nessa vigésima quinta hora

Eu gosto muito de olhar para o céu
A estrela da umbanda é igual a de Israel
Viva também a nação muçulmana
Pois somos todos lá da Torre de Babel

Por isso, shalom shalom
Salaam aleikum, aleikum salaam
Saravá, kolofé
Quero todo mundo muito odara
E com muito, muito axé

É que a nossa mãe comum
Ela é africana
Agora ela é sul-americana
Com Iansã (epahei!) e Ie-ie-ie-manjá
E a rainha de Sabá

Passará o céu e a terra
Pois o que dizem minhas palavras não passará
Jesus, o nazareno, o carpinteiro, amai-vos uns aos outros
Atire a primeira pedra aquele que dentre vós nunca pecou

Tudo é divino, tudo é maravilhoso
Eu gosto tanto do Caetano Veloso
Gilberto Gil e esses negros blues
Eu sou do samba e dos maracatus

Eu sou dos xotes, dos cocos, dos xaxados
Dos miudinhos e dos lundus
E eu também gosto das canções hindus
E também del tango, sí, ¿cómo no?
Pero só se for a media luz

E também del tango, Carlos Gardel
Pero só se for a media luz
Gilberto Gil e estes negros blues
Gilberto Gil e estes negros blues

Gilberto Gil, Tim Maia, Milton Nascimento
Stevie Wonder, Ray Charles
Bob Marley, Jimmy Cliff, Chuck Berry, Little Richard
Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho

Martinho da Vila, Blecaute, Jards Macalé
Gasolina, Heitor dos Prazeres, Ataulfo Alves
Lupicínio Rodrigues, Wilson Batista
Luiz Melodia, Assis Valente
E estes negros, negros blues

Black Blues

When the white men started sailing
In their white caravels
Across seas never before navigated
They didn't know what they would find

But well within their minds
They had dreams of gold and treasure chests
They found in those lands beyond
Beyond the sea

And the black men in their slave ships
Torn from Africa
From Nigeria, Dahomey, Congo
And in the hold of the slave ships
They invented the word "camundongo" (mouse)

And the indigenous people
Ah, the indigenous people, who are they?
Older than everything, than all of us
Astronauts, Atlanteans, Mongols
I don't know, I don't know, I don't know
But who will know?

There is no resentment
Not a drop of another feeling
In the words I say
In the words, my friend

Only those who have chaos within them
Can give light to the great dancing star

There is no desire for revenge
I only want peace and hope
Over these shoulders of yours
Over these shoulders of mine

The traveler was a guy
Who kept traveling from one place to another without stopping, huh
Until one day he started traveling
From one place to within that same place

And a traveler is always a stranger
He is a lover of his solitude
Lately I've been broke
But it will come through as the occasion arises

And the prophet was going crazy
Inside his apartment
Not knowing how to pay rent
Dreaming of that intoxicating shadow of the oasis
Of the blue desert

No one is a prophet in their own land
This saying holds a sad truth
And that's why the prophet leaves
For he knows his time has come

And the prophet leaves
Right at the dawn
Exactly and precisely
In this twenty-fifth hour

I really like to look at the sky
The Umbanda star is the same as the one of Israel
Long live the Muslim nation too
For we are all from the Tower of Babel

Therefore, shalom shalom
Salaam aleikum, aleikum salaam
Saravá, kolofé
I want everyone very happy (odara)
And with a lot, a lot of axé (positive energy)

It's because our common mother
She is African
Now she is South American
With Iansã (epahei!) and Ie-ie-ie-manjá
And the Queen of Sheba

Heaven and earth will pass away
But what my words say will not pass away
Jesus, the Nazarene, the carpenter, love one another
Let him who has never sinned cast the first stone

Everything is divine, everything is wonderful
I like Caetano Veloso so much
Gilberto Gil and these black blues
I am from samba and maracatus

I am from xotes, cocos, xaxados
From miudinhos and lundus
And I also like Hindu songs
And also tango, yes, how could I not?
But only if it's in dim light

And also tango, Carlos Gardel
But only if it's in dim light
Gilberto Gil and these black blues
Gilberto Gil and these black blues

Gilberto Gil, Tim Maia, Milton Nascimento
Stevie Wonder, Ray Charles
Bob Marley, Jimmy Cliff, Chuck Berry, Little Richard
Clementina de Jesus, Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho

Martinho da Vila, Blecaute, Jards Macalé
Gasolina, Heitor dos Prazeres, Ataulfo Alves
Lupicínio Rodrigues, Wilson Batista
Luiz Melodia, Assis Valente
And these black, black blues