Текст и перевод песни Lourenço & Lourival - Mágoa de Boiadeiro

Mágoa de Boiadeiro

Antigamente, nem em sonho existia
Tantas pontes sobre os rios
Nem asfaltos nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinuelos
Pra trazer um pantaneiro no rodeio da boiada

Mas hoje em dia, tudo é muito diferente
Com o progresso, nossa gente nem sequer faz uma ideia
E entre outros, fui peão de boiadeiro
Por este chão brasileiro
Os heróis da epopéia

Tenho saudades de rever nas currutelas
As mocinhas na janela acenando uma flor
Por tudo isso, eu lamento e confesso
Que a marcha do progresso é a minha grande dor

Cada jamanta que eu vejo carregada
Transportando uma boiada
Me aperta o coração
E quando eu vejo minha tralha pendurada
De tristeza dou risada
Pra não chorar de paixão

O meu cavalo relinchando pasto afora
Que por certo também chora na mais triste solidão
Meu par de espora, meu chapéu de aba larga
Uma bruaca de carga, o meu lenço e o facão
O velho basto, o cinete e o apero
O meu laço e o cargueiro
O ginete e o gibão
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro
Deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão

Não sou poeta, sou apenas um caipira
E o tema que me inspira é a fibra de peão
Quase chorando, embuido nesta mágoa
Rabisquei estas palavras e saiu esta canção

Canção que fala da saudade das pousadas
Que já fiz com a peonada
Junto ao fogo de um galpão
Saudade louca de ouvir um som manhoso
De um berrante preguiçoso
Nos confins do meu sertão

A Cattleman's Woe

In days of old, not even in dreams did it exist
So many bridges over the rivers
Nor asphalt on the roads
We used four or five lures
To bring a cowboy to the cattle roundup

But nowadays, everything is very different
With progress, our people don't even have an idea
And among others, I was a cattleman
Across this Brazilian land
The heroes of the epic

I miss seeing in the creeks
The young ladies at the window waving a flower
For all this, I regret and confess
That the march of progress is my great pain

Every cattle truck I see loaded
Carrying a herd of cattle
Breaks my heart
And when I see my gear hanging up
I laugh out of sadness
So as not to cry with passion

My horse neighing out in the pasture
Who surely also cries in the saddest of solitude
My pair of spurs, my wide-brimmed hat
A pack of cargo, my scarf and my knife
The old saddle, the cinch and the saddlebag
My lasso and my saddlebag
The rider and the leather jacket
There's still the belt pouch without money
Of this poor cattleman who lost his profession

I am not a poet, I am just a country bumpkin
And the theme that inspires me is the fiber of a peon
Almost crying, imbued with this sadness
I scribbled down these words and out came this song

A song that speaks of the longing for the lodgings
That I once shared with the peons
By the fire of a large barn
A crazy longing to hear the morning sound
Of a lazy conch shell
In the reaches of my wilderness