Текст и перевод песни Marcello Gugu - Ipiranga

Ipiranga

(Estamos falando de uma das mais conhecidas regiões de São Paulo)
(O sub distrito do Ipiranga tem quase meio milhão de habitantes)
(E engloba os bairros de Sacomã e Cursino)
(O bairro abriga também a maior favela da cidade, a de Heliópolis)
(Mas o jeito simples do interior, a simplicidade e a nostalgia)
(Parecem ser eternas nas ruas do Ipiranga)

O sol nasce no Ipiranga majestoso igual Don King
Treinando cada guerreiro pra ser o melhor do ringue
Swing de quem, não teve nada de bandeja
Aprendi no meu bairro que quem não reage rasteja

De paixão que lampeja a promessa de ternura
Terra de pais ausentes e gravidez prematura
Da onde eu venho se vive o momento
Num xadrez feitos de peões o único rei é o tempo

Meus heróis são arriados em toques de Alujá
E tragédias gregas crescem vestindo C&A
Barulho de CG, cuba libre e rebeldia
Ensinaram que sonhos são nossa melhor companhia

Função na pizzaria biriri, da Nokia
Fichas criminais sujas de vinhos de paróquia
Velhas fofoqueiras inflamando problemas
E cada vez que riscam um fósforo ascendem poemas

Cada esquina em silencio guarda um flerte de horas vagas
Desabafos solitários de bebuns afloram chagas
Boteco não é escola, mas meu bairro criou
Um professor em cada bar que conta o que a vida ensinou

Entre restos e rostos moram crenças e vícios
Vim do bairro onde sonhos são maiores que sacrifícios
Onde o asfalto se mistura com as ruas de terra
E nas quermesses de junho trocam-se histórias de guerra

Seja bem vindo onde seu suor tem valor
E sob a benção de Deus parte o trabalhador
Seja bem vindo ao Ipiranga
Seja bem vindo ao Ipiranga

Onde crianças são anjos entre nobres vagabundos
E o fim do mês assusta muito mais que o fim do mundo

Seja bem vindo ao Ipiranga
Seja bem vindo ao Ipiranga

Somos poemas pra ninguém, tradição oral de um povo leigo
Infernos individuais dentro de olhares meigos
Ráfia e farrapos, luzes na Cursino
Quentes como o sol nossos beijos selam destinos

Camafeu de ilusão feito de arsênico e benzina
Sofá coberto com plástico e enquadros de rotina
Pancadão rola nas caixas, duelo, polo listrada
Tubaína em saco plástico e Sam Remí gelada

Eternas festas de quebrada e o trabalho, que se foda!
Cê tá no Ipiranga vem curtir a noite toda
Traz os fardos, liga o som, goró cor caramelo
Chama as gatas e vê vilão se emocionar ao som de Belo

Anos atrás, Sampa Crew e Sidra Cerezer
No Black da Vergueiro na busca de um affair
Das minas mais recatadas até as mais sem vergonha
Foda-se Amsterdã a gente tem a melhor maconha

Aqui pinos são cifrões e fortuna se faz
De sonhos destemidos que morrem jovens demais
Nossa chance é fugaz e mães que esperam o pior
Enquanto caímos de amor por uma vida melhor

Meu bairro é a prece e a blasfêmia a cruz e a espada
Onde poucos vivem por algo e muitos morrem por nada
Eu amo a minha quebrada, mas o mundo moderno
Faz minha vila ser mais quente que a cozinha do inferno

Seja bem vindo onde na arena vazia
A esperança transforma a vida em poesia

Seja bem vindo ao Ipiranga
Seja bem vindo ao Ipiranga

Onde sorrisos e lagrimas são dor e delicia
E o som não abaixa nem com presença de policia

Seja bem vindo ao Ipiranga
Seja bem vindo ao Ipiranga

Salve!
Sejam bem vindos ao Ipiranga, onde o melhor dia é o hoje
E o agora é uma dádiva chamada presente
Onde os raios de sol são brilhos afiados que exaltam os ânimos, os vícios e as virtudes de cada um
E aonde o bem e o mal são definições de pontos de vista
Meu bairro é a loucura dos amantes, a rotina dos casais
E aonde os orixás dançam garantindo a festa da vida em cada amanhecer
O show dos contrastes e da vida simples
Onde gambiarras fazem pontes pra se alcançarem sonhos

Saia pra ganhar o mundo, mas não esqueça da sua quebrada
Porque se um dia você precisar voltar, que você volte de cabeça erguida
E ela te encontre de braços abertos

(Marcello Gugu)

(Oh, meu Ipiranga meu coração bate por ti)
(Nesses versos eternizo a grandeza desse bairro onde eu vivo)

Ipiranga

(We are talking about one of the most famous regions of São Paulo)
(The sub-district of Ipiranga has almost half a million inhabitants)
(And encompasses the neighborhoods of Sacomã and Cursino)
(The neighborhood also houses the largest favela in the city, Heliópolis)
(But the simple way of the interior, simplicity and nostalgia)
(Seem to be eternal in the streets of Ipiranga)

The sun rises in Ipiranga majestic like Don King
Training every warrior to be the best in the ring
Swing of those who didn’t have anything handed to them
I learned in my neighborhood that those who don’t react crawl

From passion that flashes the promise of tenderness
Land of absent fathers and premature pregnancy
Where I come from, you live in the moment
In a chessboard made of pawns, the only king is time

My heroes are stranded in touches of Alujá
And Greek tragedies grow wearing C&A
Noise of CG, cuba libre and rebellion
They taught that dreams are our best company

Job at the pizzeria biriri, of Nokia
Criminal records stained with parish wines
Old gossips stirring up problems
And every time they strike a match, poems ascend

Each silent corner holds a spare time flirtation
Lonely outbursts of drunks blossom wounds
The bar is not a school, but my neighborhood created
A teacher in each bar who tells what life has taught

Among debris and faces live beliefs and vices
I come from the neighborhood where dreams are bigger than sacrifices
Where the asphalt mixes with the dirt roads
And at the June festivals, war stories are exchanged

Welcome where your sweat has value
And under God's blessing, the worker leaves
Welcome to Ipiranga
Welcome to Ipiranga

Where children are angels among noble vagabonds
And the end of the month scares much more than the end of the world

Welcome to Ipiranga
Welcome to Ipiranga

We are poems for no one, oral tradition of a lay people
Individual hells within sweet eyes
Raffia and rags, lights on Cursino
Hot as the sun, our kisses seal destinies

Cameo of illusion made of arsenic and gasoline
Sofa covered with plastic and routine frames
Pancadão rolls in the boxes, duel, striped polo shirt
Tubaína in a plastic bag and ice cold Sam Remí

Eternal ghetto parties and work, who cares!
You are in Ipiranga come enjoy the whole night
Bring the burdens, turn up the sound, caramel-colored booze
Call the girls and see the villain get emotional to the sound of Belo

Years ago, Sampa Crew and Sidra Cerezer
At Black da Vergueiro looking for an affair
From the most demure mines to the most shameless
Fuck Amsterdam we have the best weed

Here pins are dollar signs and fortune is made
Of fearless dreams that die too young
Our chance is fleeting and mothers who expect the worst
While we fall in love with a better life

My neighborhood is prayer and blasphemy the cross and the sword
Where few live for something and many die for nothing
I love my hood, but the modern world
Makes my village hotter than hell's kitchen

Welcome where in the empty arena
Hope turns life into poetry

Welcome to Ipiranga
Welcome to Ipiranga

Where smiles and tears are pain and delight
And the sound doesn’t go down even with the presence of police

Welcome to Ipiranga
Welcome to Ipiranga

Cheers!
Welcome to Ipiranga, where the best day is today
And now is a gift called the present
Where the rays of the sun are sharp flashes that exalt the spirits, the vices and the virtues of each one
And where good and evil are definitions of points of view
My neighborhood is the madness of lovers, the routine of couples
And where the orixás dance, guaranteeing the celebration of life at each dawn
The show of contrasts and the simple life
Where jury-rigging makes bridges to reach dreams

Go out and win the world, but don’t forget your hood
Because if one day you need to go back, that you come back with your head held high
And she finds you with open arms

(Marcello Gugu)

(Oh, my Ipiranga my heart beats for you)
(In these verses I eternalize the greatness of this neighborhood where I live)