Текст и перевод песни Maria Bethânia - Texto 4: Extraído Do Poema 'Aniversário' / Uma Canção Desnaturada - Ao Vivo

Texto 4: Extraído Do Poema 'Aniversário' / Uma Canção Desnaturada - Ao Vivo

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos
E a alegria de todos, e a minha,
Estava certa como uma religião qualquer
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma
De ser inteligente para entre a família
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim
Quando vim a ter esperanças
Já não sabia ter esperanças

Por que cresceste, curuminha
Assim depressa, e estabanada
Saíste maquilada
Dentro do meu vestido
Se fosse permitido
Eu revertia o tempo
Pra reviver a tempo
De poder

Te ver, as pernas bambas, curuminha
Batendo com a moleira
Te emporcalhando inteira
E eu te negar meu colo
Recuperar as noites, curuminha
Que atravessei em claro
Ignorar teu choro
E só cuidar de mim

Deixar-te arder em febre, curuminha
Cinquenta graus, tossir, bater o queixo
Vestir-te com desleixo
Tratar uma ama-seca
Quebrar tua boneca, curuminha
Raspar os teus cabelos
E ir te exibindo pelos
Botequins

Tornar azeite o leite
Do peito que mirraste
No chão que engatinhaste, salpicar
Mil cacos de vidro
Pelo cordão perdido
Te recolher pra sempre
À escuridão do ventre, curuminha
De onde não deverias
Nunca ter saído

Text 4: Excerpt From the Poem 'Birthday' / An Unnatural Song - Live

At the time when they celebrated the day of my birth
I was happy and no one was dead.
In the old house, to have a birthday was a tradition from centuries ago
And the joy of all, and mine
Was certain like some any old religion
At the time when they celebrated the day of my birth
I had the great health of not understanding anything
Of being intelligent for among family
And of not having the hopes that others had for me
When I came to have hopes
I already didn't know how to have hopes

Why did you grow, small girl
In such a hurry, and clumsy
You went out with makeup
Inside my dress
If it were possible
I would turn back time
To revive in time
Of being able

To see you, your legs wobbly, small girl
Bumping your head
Getting dirtier and dirtier
And I denying you my lap
Recovering the nights, small girl
That I spent awake
Ignoring your cries
And only watching out for myself

Letting you burn up with fever, small girl
A hundred and four degrees, coughing, shivering
Dressing you sloppily
Treating you like a servant
Breaking your doll, small girl
Shaving your head
And taking you to show yourself in
Taverns

Turning the milk from your
Shriveled breasts to vinegar
On the floor where you crawled, sprinkling
A thousand pieces of glass
Along the lost thread
Taking you back forever
To the darkness of the womb, small girl
From where you
Should never have come out