Lyrics Um Dia de Injúria / Pantera Preta - Amiri
Eu
vou
compartilhar
uma
história
com
vocês
Rakim
era
um
moleque
tranquilo
Cheio
de
complexos
Se
achava
tão
magro
que,
huh,
pesava
gramas,
não
quilos
Queria
ter
a
altura
igual
dos
primos
Quem
sabe
ajudaria
na
autoestima
Nítido
o
quanto
era
tímido
Camisa
de
rap
ou
camisa
de
time
do
Coringão,
dia
a
dia
via
a
minha—
Não,
a
sua
aparência
e
condição
virar
piadinha
Panfleto
ajudava
a
arrumar
um
vintém
E
ele
não
levava
uma
com
ninguém
Na
escola,
na
sala
de
aula
Não
conta;
ali
ninguém
fala
de
aura
Quis
ser
eleito
o
mais
bonito,
mas,
nele,
ninguém
votava
na
urna
E
ele
tava
na
turma
onde
cada
aluna
Não
ligava
pro
quanto
ele
gostava
da
Bruna
Que
uns
brincavam:
"a
Akuma!"
"Vai,
ô,
desenho
da
bolacha
Nikitos!"
Eu
nunca
comprei
uma
treta
tão
bem
E
eu
pensei
em
render
um
caixa
no
grito
Por
minhas
irmãs
e
ela,
porque
ela
é
preta,
também
E
é
por
causa
deles
que
ela
não
me
acha
bonito
Ele
lembrou
de
tudo
isso
hoje
ao
entrar
no
banheiro
da
faculdade
E
ver
o
que
na
porta
tava
escrito
Você
quer
o
mundo
pra
você,
enquanto
eu
quero
algo
pra
mim
Algo
que
foi
roubado
por
você,
algo
que
vá
mudar
o
fim
Você
quer
o
mundo
pra
você
e
não
importe
o
quanto
custe
Ou
quantas
vidas
custem,
ou
o
que
sinta
como
ser
Ai,
ai,
ai...
Ah!
Eu
vou
matar
um
hoje
Pensando
bem,
eu
vou
matar
um
monte!
Mas
vocês
vão
pro
céu,
né?
Poder
morar
Gente,
que
cara
é
essa?
Vamos
comemorar!
Garçom,
pode
descer
mais
Bacardi
Uma
taça
pro
Cocielo
e
outra
pra
Day
McCarthy
Lindos,
só
não
liguem
pro
gosto
de
veneno,
tá
bom?
Ops,
vai
já
tarde!
Nossa
equidade
vive
em
leito,
'cê
vive
em
prédio
Apartamento
caro,
a
carta
vem
com
carro
E
facul
paga,
custo
de
vida
alto,
eu
nem
tive
médio
"Mas,
ah,
as
cotas—"
Ô,
burro,
isso
é
direito,
não
privilégio!
"Cara,
pensa
em
Deus,
lembra
da
Bíblia
Tanto
que
o
salmo,
o
salmo
diz—"
Cala
a
boca
enquanto
eu
tô
calmo!
É
hoje
que
eu
ateio
fogo
em
vocês
Sou
sofredor,
odeio
todos
vocês
E
de
crimes,
vão
ter
que
por
meu
nome
no
topo
da
lista
Que
eu
sou
fogo
na
pista,
e
num
logo
nazista
Nesse
jogo
classista,
desse
povo
racista
Ahhh!
E
que
a
Globo
me
assista!
Você
quer
o
mundo
pra
você,
enquanto
eu
quero
algo
pra
mim
Algo
que
foi
roubado
por
você,
algo
que
vá
mudar
o
fim
Você
quer
o
mundo
pra
você
e
não
importe
o
quanto
custe
Ou
quantas
vidas
custem,
ou
o
que
sinta
como
ser
Ai,
ai,
ai...
Aí,
chama
a
imprensa
que
eu
vou
me
ver
Entrar
atirando,
entrar
tirando
os
pseudo-Hitler
Então,
quem
é
o
macaco?
Quem
vem
do
safári,
mano?
"Se
acalma,
broth—"
"Brother?"
'Cê
tá
me
paparicando?!
Então
canta:
"Pode
Ser",
do
Pedro
Mariano?
Não,
não
pode
ser,
seria
um
negro
clareando
Você
é
a
típica
pessoa
de
bem,
mas
adora
fazer
piada
com
preto
E
até
rap
uns
faz
agora
Fala
até
"nigga",
então
me
leve
ao
teu
líder
Minhas
irmãs
não
são
tuas
nêgas,
eu
não
sou
teu
nigger!
Hoje
eu
sou
herói,
supra,
ultra,
hiper,
mas
Entrei
com
pressa
e
esqueci
a
paz
lá
fora!
Aí,
isso
aqui
é
por
todas
que
me
zoaram
"Pensa
nos
teus
pais..."
Foda-se!
Vou
dá
cinco—
Aliás,
um
minuto
pra
vocês
calarem
a
boca
Antes
que
alguém
se
exploda
aqui
Ah,
perdoa
a
falta
de
etiqueta
e
educação
Que
vem
de
berço,
não
vem
de
letra
"M-m-mas..."
Não
tem
"mas",
não
tenta
a
sorte,
nem
se
meta
Se
você
nunca
chorou
pela
morte
de
gente
preta
E
não
sabe
o
que
é
nascer
e
num
ter
berço
É
inconcebível,
igual
Machado
de
Assis
não
ter
verso
Ou
morrer
tentando
provar
que
é
tão
ser
humano
quanto
Conte-me
mais
sobre
racismo
reverso
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