Lyrics Pão E Circo - De Luca

Ei José, acorde e levante
São cinco da manhã e o sol já quer nascer
Olha a lua de quarto minguante
O barco está na areia e não há tempo a perder
Ei José, engole esse café
Se manda pra alto-mar se a maré ajudar
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo
Ei Maria, separe a marmita
O galo está chamando quem trabalha na enxada
Segue a estrada que é quase infinita
Sacrificando o pé mas sem reclamar de nada
Ei Maria, capina o sertão
Caleja essa mão que nunca vai descansar
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo
Até que um dia José conheceu Maria na rodoviária
Sem demora o casal se entendeu
E ali floresceu um amor que traria um menino
Jesuíno nasceu numa favela
Na janela de seu quarto ele via o litoral
Na infância, frequentava uma capela
Mas depois na adolescência descobriu o carnaval
Jesuíno, enrola um cigarro
E no topo do morro escuta o vento cantar
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo
Jesuíno traçou o seu caminho
Sozinho se mandou pra percorrer o interior
Sobre a mesa deixou um pergaminho
Que revelava aos pais o seu plano promissor
Jesuíno rompe a casca do ovo
Sai em busca do novo sem ter quando voltar
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo
E nessa jornada escolhida fez bons amigos que o rodeavam
Em todas as tribos que ia plantava a semente da fé
Orava e partia
Eis que um dia Jesuíno retornou
Com histórias pra contar e uma meta em sua mente
Extinguir os abismos que avistou
E ajudar a inaugurar um futuro diferente
Jesuíno encara sua sina
Traição pra toda esquina
E um esquadrão no calcanhar
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo

Jesuíno reuniu a multidão
Que esperava ansiosa pela glória desejada
E os lembrou que a real revolução
Não se pode alcançar só com sangue na espada
Jesuíno enfrenta seu carrasco
Abraça a dor da morte no sossego do lar
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo
Pede a Deus
O pão e o circo de domingo

O corpo do homem sumiu
Tornou-se o mártir mais recente
Suposto morto virou mito
Já me foi dito que fugiu
Recomeçou lá no oriente
Na Índia ou talvez no Egito
Envelheceu tranquilamente
Com a mulher que lhe sorriu
Bem longe de todo conflito
Até bisnetos ele viu
E hoje em seu próprio continente
É o profeta favorito

Pede a Deus
O pão e o circo de domingo