Lyrics Muito Orgulho, Meu Pai - Gabriel o Pensador
Dez
horas
dentro
do
avião
aqui
sozinho
Eu
voo
como
um
pássaro
que
quer
voltar
pro
ninho
Eu
sempre
vou
e
volto
feito
um
bumerangue
Pensei
que
era
o
morcego,
mas
sou
eu
Que
sempre
dou
meu
sangue
E
é
o
tempo
vampiro
que
suga
tudo
Suga
minha
alma
e
me
transforma
a
forma
e
o
conteúdo
E
sem
escudo
eu
ofereço
a
veia
e
vou
sorrindo
Não
fico
mudo,
falo
e
canto
o
que
eu
tô
sentindo
E
falo
tanto
entre
os
meus
voos
e
atropelos
Que
nem
escuto
a
voz
dos
fios
brancos
entre
os
meus
cabelos
A
voz
das
rugas
quando
o
rosto
se
contrai
Me
olho
no
espelho
e
cada
vez
eu
vejo
mais
meu
pai
Me
lembro
de
telefonar,
saber
como
ele
anda
Tenho
que
falar
correndo,
pai,
tô
decolando
com
a
banda
Cê
volta
quando
filho?
Terça,
mas
viajo
de
novo
Manda
um
abraço
pra
mãe,
tô
com
saudade
do
povo
Tô
com
saudade
de
tudo,
de
comer
sopa
com
ovo
O
ovo
cru
que
cê
jogava
na
panela
quente
Naqueles
fins
de
semana
que
você
tava
presente
E
de
deitar
na
sua
cama
como
antigamente
E
quando
você
via
os
gols
ou
um
programa
qualquer
E
de
repente
beliscava
a
gente
com
seu
pé
O
caranguejo
doía,
mas
a
gente
ria
Eu
te
imitava
e
o
meu
irmão
não
conseguia
Você
calçava
o
tamanco,
pega
a
chave
do
Puma
E
a
nossa
tarde
era
na
mesa
do
dolphin
com
a
turma
E
o
chope
sem
espuma,
sem
colarinho
E
eu
no
milk
shake,
lembro
até
do
barulhinho
Quando
eu
crescesse
eu
queria
ser
que
nem
você
Agora
eu
já
cresci
e
ainda
quero
ser
Eu
tenho
a
cara
do
pai
e
tenho
cada
vez
mais
Eu
tenho
os
olhos
do
pai
e
o
coração
Quando
eu
crescesse
eu
queria
ser
que
nem
você
Agora
eu
já
cresci
e
ainda
quero
ser
Eu
tenho
orgulho
do
pai
e
tenho
cada
vez
mais
É
muito
orgulho,
meu
pai
e
gratidão
Pai,
agora
eu
decolei,
guardei
meu
celular
Já
tô
no
ar,
mas
não
me
desliguei
O
tempo
voa
e
antes
que
ele
acabe
eu
volto
ao
começo
Pra
me
entender
e
me
reconhecer
do
pai
que
eu
conheço
E
quero
conhecer
mais,
quero
curtir
meu
coroa
Até
a
extrema-unção
te
deram,
pai,
aquela
foi
boa
Você
internado
de
frente
pra
um
cemitério
Mas
não
perdeu
a
piada
nem
num
momento
tão
sério
E
disse
olhando
a
sepulturas
do
outro
lado
do
muro
Que
quarto
ótimo,
filho,
com
vista
pro
futuro
Só
você
mesmo
pra
fazer
a
gente
rir
E
com
o
coração
parando
em
plena
UTI
Lembrando
disso
agora
eu
rio
e
reavalio
A
importância
da
minha
eterna
ânsia
por
mais
desafios
Sempre
correndo,
sempre
ocupado
na
estrada
Sem
perceber
que
às
vezes
possa
está
perdendo
a
piada
Você
me
deu
um
toque
eu
não
falei
pra
ouvir
Mas
não
vou
esperar
meu
coração
parar
Pra
gente
se
encontrar
pra
rir,
numa
UTI
Quando
eu
voltar
vou
te
ligar
pra
combinar
de
almoçar
Toda
família
na
mesa,
sem
atender
o
celular
Quando
eu
crescesse
eu
queria
ser
que
nem
você
Agora
eu
já
cresci
e
ainda
quero
ser
Eu
tenho
a
cara
do
pai
e
tenho
cada
vez
mais
Eu
tenho
os
olhos
do
pai
e
o
coração
Quando
eu
crescesse
eu
queria
ser
que
nem
você
Agora
eu
já
cresci
e
ainda
quero
ser
Eu
tenho
orgulho
do
pai
e
tenho
cada
vez
mais
É
muito
orgulho,
meu
pai
e
gratidão
Minha
memória
viaja,
você
agora
é
o
piloto
Uns
30
anos
mais
novo
e
eu
ainda
garoto
Pela
BR
101
a
gente
vai
Já
veio
o
réveillon
e
como
é
bom
viajar
com
meu
pai
E
eu
vou
prestando
atenção
Em
como
você
sabe
a
hora
certa
de
ultrapassar
o
caminhão
Você
me
explica
as
frases
dos
para-choques
No
toca
fita
uma
boa
MPB
ou
rock
Calma,
Betty,
calma
Cada
risada
que
você
soltava
plantava
na
minha
alma
Uma
semente
pro
que
eu
tô
colhendo
agora
E
vou
continuar
colhendo
depois
que
você
for
embora
Me
entendendo
com
o
tempo,
os
ensinamentos
Que
você
passa
até
hoje
com
o
seu
exemplo
De
respeitar
as
pessoas
e
ser
correto
De
ser
uma
fonte
inesgotável
de
carinho
e
afeto
De
encurtar
as
distâncias
pra
ver
os
amigos
E
de
ser
sempre
sincero
como
também
foi
comigo
Quando
me
deu
um
castigo
depois
da
delegacia
E
hoje
eu
vejo
que
era
isso
mesmo
o
que
eu
queria
Queria
achar
um
caminho
e
ter
você
mais
perto
Mesmo
com
a
cara
fechada,
seu
coração
tava
aberto
Eu
tinha
quase
morrido,
não
tinha
medo
da
morte
Mas
sua
cara
de
decepção
falou
mais
forte
Assim
morria
o
meu
vício
de
pichador
Você
matou
o
pixote,
pai
e
fez
nascer
o
pensador
E
muita
coisa
rolou,
te
transformei
em
vovô
Te
vi
mais
frágil
e
sério
em
alguns
momentos
de
dor
E
enxerguei
no
teu
silêncio
o
que
eu
desfaço
em
mim
Que
é
uma
angústia
que
parece
que
não
tem
mais
fim
E
mesmo
assim
a
gente
brinca
o
tempo
inteiro
E
sonhos
os
mesmos
sonhos
abraçando
vários
travesseiros
Herdei
essa
mania,
também
herdei
a
teimosia
E
não
me
abro
com
meu
velho
como
eu
gostaria
Quando
me
sinto
inseguro
como
um
menino
indeciso
Pra
escutar
a
voz
do
pai
que
dizia:
juízo
Aquele
simples
aviso
ainda
me
norteia
Como
seu
sangue
que
corre
nas
minhas
veias
Muito
obrigado
por
te
me
feito
nascer
Por
ter
me
feito
crescer
Por
ter
me
feito
que
nem
você
Por
ter
me
dado
vitamina
C
Café
da
manhã,
o
senso
critico,
a
ironia
Um
irmão
e
uma
irmã
Por
me
levar
no
riam
Tem
ovo
de
codorna
Que
por
mijar
no
meu
pé
Nos
banhos
de
água
morna
O
chocolate
em
Gramado,
o
camarão
na
Joaquina
Muito
obrigado
pelo
amendoim
torrado
na
esquina
As
figurinhas,
o
álbum,
as
injeções
e
os
remédios
Os
elogios,
as
notas
do
boletim
do
colégio
Por
me
levar
na
vó
Miriam,
na
vó
Raquel
Por
eu
ser
o
Gabriel,
filho
do
doutor
Miguel
Por
me
levar
no
consultório
pra
te
ver
trabalhar
Por
ser
o
grande
oftalmo
que
me
fez
enxergar
Que
a
vida
é
boa
e
eu
não
preciso
ter
medo
Muito
obrigado,
meu
pai,
por
me
contar
seus
segredos
E
confiar
em
mim,
como
eu
confio
em
você
Quando
eu
voltar
vou
te
ligar,
ainda
tem
mais
pra
dizer
Quando
eu
crescesse
eu
queria
ser
que
nem
você
Agora
eu
já
cresci
e
ainda
quero
ser
Eu
tenho
a
cara
do
pai
e
tenho
cada
vez
mais
Eu
tenho
os
olhos
do
pai
e
o
coração
Quando
eu
crescesse
eu
queria
ser
que
nem
você
Agora
eu
já
cresci
e
ainda
quero
ser
Eu
tenho
orgulho
do
pai
e
tenho
cada
vez
mais
É
muito
orgulho,
meu
pai
e
gratidão
Oi
filhão
Pai,
olha
o
que
eu
fiz
pra
você
Pra
mim?
Brigado,
garoto
Attention! Feel free to leave feedback.