Paroles et traduction Gabriel O Pensador - Firme e Forte

Firme e Forte

Fui fazer um show no litoral paulista
Um ginásio lotado, muita gente na pista
A entrada era franca, hip hop era o tema
Tinha break, grafitti, batalha e zero problema
Jovem, velho, criança, todo mundo na paz
Muita gente na quadra e chegava cada vez mais
Quem chegava dançava, quem não dançava cantava
E quem cansava sentava na arquibancada lá atrás
Bem aqui na minha frente a energia era imensa
O meu filho e uns amigos também marcaram presença
Reparando em cada um ali curtindo o momento
Vi um jovem sentado em cima do equipamento
Bem na caixa de som, colado no guitarrista
Cabeludo, tranquilão com um visual de skatista
Mas o show foi rolando em sintonia com a massa
Eu me amarro em fazer show quando o ingresso é de graça
Solitário surfista mas não tava sozinho
Umas minas lá no meio improvisaram um passinho
Convidei lá pro palco, por favor, segurança
Abre a grade e libera essa galera da dança
Invasão consentida, eu sentindo a batida
Fazendo a rima e pensando na vida, só gratidão
No final dessa música os fãs voltaram pra pista
E o cabeludo ali da frente me chamava com mão
Eu me abaixei pra entender o recado
E só então eu entendi porque ele tava o
Tempo todo sentado com seu skate do lado
Em cima do alto-falante
Ele pediu pra eu mandar uma letra pros cadeirantes
Me pegou de supresa, mas gostei da ideia
Repeti no microfone e dividi com a plateia
Dediquei a ele uns versos da letra de Sem parar
Perguntei o seu nome e ficou fácil lembrar
O nome dele era Vítor e eu já disse na hora
Cê tá ligado que o seu nome tá chamando a vitória?
Isso ficou na memória, e eu aqui nesse instante
Ainda lembro do Vítor e do seu olhos brilhantes
Boa sorte
Firme e forte
Vai com a força da mente
Firme e forte
Vai com a força da mente
E essa aqui eu dedico a todos os cadeirantes
Que tem a alma gigante e o coração mais ainda
Perseverança e vontade de quem na dificuldade
Encontra forças pra escrever as histórias mais lindas
É, vocês me inspiram tipo o Mick do Skate
Meu irmão da Rocinha que o morro inteiro respeita
E quando eu era criança eu nem sabia quem era
Eu só olhava e pensava "que isso, o cara é mó fera"
E até hoje a galera para pra ver ele passar
Descendo a curva do S, ele parece voar
Lá vai o Mick do skate, ele é o pai do Maiquinho
Criou seu próprio caminho
Por entre as motos e ônibus
E o Vítor também, em direção às vitórias
Dias de luta e de glória de tantos outros anônimos
Nesse mundo imperfeito a gente dá o nosso jeito
De aliviar nossas dores e o aperto no peito
Acho que o grande defeito do ser humano em geral
É encarar todo estranho como se fosse um rival
Competição, medo e ódio é o que sustenta o sistema
O egoísmo é tão burro e a vaidade é extrema
A gente nem reconhece que entrou em estado de coma
E cada um no seu canto sofre dos mesmos sintomas
A ansiedade e os impulsos de auto-destruição
A vulnerabilidade, os problemas de aceitação
A rejeição amorosa, a frustração no trabalho
A traição de um amigo, coisas que dóem pra caralho
As despedidas e a saudade de quem já foi embora
Me dão ainda mais certeza da importância do agora
E da beleza da troca, do entendimento e do amor
E de enxergar o sentimento do outro seja quem for
Por isso eu tento
Conectar o meu pensamento
Com o pensamento de alguém que aparece a
Qualquer momento e me oferece um sorriso
Quem sabe um choro ou um grito
Um desabafo, um lamento ou um olhar meio aflito
Uma piada, um abraço, talvez um verso bonito
Ou um pedido tão simples como o que me fez o Vítor
Um improviso, uma batida, uma voz
A poesia que embala e fala de todos nós
Fica difícil explicar mas é tão fácil entender
Que a letra que fala dele fala de mim e de você
Das alegrias e dores que não são tão diferentes
Daquelas que os cantadores cantavam lá no sertão
Olhando a lua nascendo pintando a serra de prata
Pra pratear a solidão como cantou Gonzagão
Chuva de Prata é Gal Costa, Cazuza é O tempo não pára
Metamorfose Ambulante é Renato Russo e Chorão
Sou Rita Lee, sou mutante, nasci no planeta fome
Meu nome é Elza Soares e não aceito ouvir não
Sou Cássia Eller criança e, sim, conheço a verdade
Que os contadores de histórias contavam já nos cordéis
Stephen Hawking sorrindo também pegou a visão
Observando Saturno e o gelo dos seus anéis
Em sua cadeira de rodas mandou o papo certeiro, parceiro, "olhe pras
Estrelas, e não pros seus pés"
E foi virando essa chave que eu percebi que a nossa mente
É uma nave e que nos leva longe em vários rolés
Boa sorte
Firme e forte
Boa sorte
Boa sorte
Firme e forte
Vai com a força da mente
Força da mente

Standing Strong

I went to do a show on the São Paulo coast,
A packed gymnasium, a lot of people on the dance floor.
Admission was free, hip hop was the theme,
There was breakdancing, graffiti, rap battles, and zero problems.
Young, old, children, everyone in peace,
Lots of people on the court and more arriving all the time.
Those who arrived danced, those who didn't dance sang,
And those who got tired sat in the stands behind.
Right here in front of me the energy was immense,
My son and some friends also showed up.
Noticing each one there enjoying the moment,
I saw a young man sitting on top of the equipment.
Right on the speaker, next to the guitarist,
Long hair, relaxed, with a skateboarder look.
But the show went on in tune with the crowd,
I love doing shows when admission is free.
A lone surfer, but he wasn't alone,
Some girls over there improvised a dance move.
I invited them to the stage, "Please, security,"
"Open the gate and let these people dance."
Consensual invasion, I felt the beat,
Rapping and thinking about life, just gratitude.
At the end of that song, the fans went back to the dance floor
And the long-haired guy in front was waving at me.
I leaned down to understand the message
And only then did I understand why he was
Sitting there the whole time with his skateboard by his side
On top of the speaker.
He asked me to send some lyrics to the wheelchair users.
He took me by surprise, but I liked the idea.
I repeated it on the microphone and shared it with the audience.
I dedicated to him some verses from the lyrics of "Sem Parar" (Without Stopping).
I asked his name and it was easy to remember.
His name was Vítor, and I told him right there,
"You know your name means 'victory' in Portuguese, right?"
That stuck in my memory, and here I am in this moment
Still remembering Vítor and his bright eyes.
Good luck,
Stay strong,
Go with the power of your mind,
Stay strong,
Go with the power of your mind.
And this one I dedicate to all wheelchair users,
Who have giant souls and even bigger hearts,
The perseverance and willpower of those who, in the face of difficulties,
Find the strength to write the most beautiful stories.
Yeah, you inspire me like Mick do Skate,
My brother from Rocinha who the whole favela respects.
And when I was a kid, I didn't even know who he was,
I just watched and thought, "Damn, that dude's a beast."
And to this day, people stop to watch him pass,
Going down the "S" curve, he seems to fly.
There goes Mick do Skate, he is Maiquinho's father,
He created his own path
Between motorcycles and buses.
And Vítor too, towards victories,
Days of struggle and glory for so many other anonymous people.
In this imperfect world, people do it our way,
To ease our pains and the tightness in our chests.
I think the biggest flaw of human beings in general
Is to treat every stranger as a rival.
Competition, fear, and hatred are what sustain the system.
Selfishness is so stupid and vanity is extreme.
We don't even realize that we've gone into a coma,
And each one of us in our corner suffers from the same symptoms:
Anxiety and self-destructive impulses,
Vulnerability, problems with acceptance,
Rejection in love, frustration at work,
Betrayal by a friend, things that hurt like hell.
Goodbyes and longing for those who are gone
Give me even more certainty of the importance of now,
And the beauty of exchange, understanding, and love,
And of seeing the feelings of others, whoever they may be.
That's why I try
To connect my thoughts
With the thoughts of someone who shows up at
Any moment and offers me a smile.
Who knows, maybe a cry or a scream,
A vent, a lament, or a distressed look,
A joke, a hug, maybe a beautiful verse,
Or a request as simple as the one Vítor made of me.
An improvisation, a beat, a voice,
The poetry that moves us and speaks of us all.
It's hard to explain, but it's so easy to understand
That the lyrics that speak of him, speak of me and you,
Of joys and sorrows that aren't that different,
From those that the singers used to sing in the backlands,
Looking at the moon rising, painting the mountains silver
To silver the loneliness, as Gonzagão sang.
"Chuva de Prata" is Gal Costa, Cazuza is "O Tempo Não Pára,"
"Metamorfose Ambulante" is Renato Russo and Chorão.
I am Rita Lee, I am a mutant, born on planet hunger.
My name is Elza Soares and I don't accept hearing "no."
I am Cássia Eller as a child and, yes, I know the truth
That storytellers used to tell in pamphlets.
Stephen Hawking, smiling, also got the vision,
Observing Saturn and the ice in its rings.
In his wheelchair, he spoke the truth, "Look at the
Stars, and not at your feet."
And it was by turning this key that I realized that our mind
Is a ship and that it takes us far on many journeys.
Good luck,
Stay strong,
Good luck,
Good luck,
Stay strong,
Go with the power of your mind.
Power of your mind.