Paroles et traduction Zé Ramalho - Os Doze Trabalhos de Hércules

Os Doze Trabalhos de Hércules

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério

Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve

Ah, quanto mais ao povo a alma falta
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna

Não sei a hora, mas sei que há a hora:
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império

The Twelve Labors of Hercules

Carrying King D. Sebastião on board
And raising, as a name, high the banner
Of the Empire
The last ship sailed away, in the evil sun
Lonely, and amidst cries of anxiety and foreboding
Mystery

It never returned. To what unexplored island
Did it sail? Will it return from the uncertain fate
That it had?
God guards the body and the form of the future
But His light projects it, a dark and brief dream
And brief

Ah, the more the soul fails the people
The more my Atlantic soul exalts itself
And overflows
And in me, in a sea that has no time or space
I see your dim figure amidst the haze
That returns

I know not the hour, but I know that there is an hour:
May God delay it, or may He call the soul now
Mystery
You appear to me in the sun, and the fog ends:
The same, and you still carry the banner
Of the Empire