Текст и перевод песни Makalister - Estações

Estações

Passam estações por esse trilho
Vagões cheios e vazios chegam e partem à todo o tempo
Levam saudades, ressentimentos na bagagem
Umas mãos enxugam lágrimas e as outras acenam
Válvula de escape dos meus sonhos
Como nuvens soltas que se escondem do enxofre
Lugares industriais
Beiras de rios
Estradas velhas, manguezais, covis
Qualquer lugar de abandono com pinheiros e salgueiros
É um cenário perfeito pra esquecer que estou vivendo
As horas passam e dou graças à isso
Os ventos movem os moinhos que esmagam martírios
Todas as coisas mudam com o passar do tempo
E eu não sei por que insisto em dizer que sou o mesmo
Estações

Vagando por vagões de divagação
Devagar, estação por estação passa por mim
Túneis e clarões, grandes vegetações
Poucas habitações até chegar ao fim da jornada
Nada no jornal
Então leio lembranças do meu diário mental
Vejo humanos amenos e demônios entre os neurônios
Onde a memória mora por muitos anos
O vapor vai por nuvens no céu
De passagem pela paisagem que tira o véu, e revela
Horizontes de mim mesmo que pinto nessa tela
O suor é água que dilui a aquarela
Árvore genealógica nas eras geológicas do meu DNA
Enquanto via a ferrovia me levar até chegar no expresso de aço que treme as estações

São poucas épocas que põe a gente de frente pro que passou
Invernos e outonos tem tons intensos
Folhas secas e sua cor me lembram o que sobrou de momentos que foram imensos
Sigo imerso em outros climas que a terra clama
Ela agora reclama enferma em uma cama
O primor da primavera e verão não serão iguais
Assim como os carnavais já não são
Ficar são, vai ser tipo uma unção
Qual vai ser a nova versão de diversão?
O universo vivendo uma inversão
E me dizem que o caso é pura invenção
Não existe mais conversa
Só conversão de valores em moeda
Enquanto assistimos nossa existência em plena queda livre pelas estações

Estações me atravessam como facas e adagas
Alterando o curso d'água pelas fibras de minh'alma
Permeio essa cama de vida só com o sumo dos meus sonhos
Que escorre pelos poros de um corpo em abandono (em pedaços)
Não durmo como um anjo
Pairo tal demônios que observam seus cachorros em confronto
Do leste para o oeste do meu cômodo
O espelho me recusa
Cansado de me devolver angústias
Seria minha arte o sentido da minha vida?
Me pego a pensar desperdiçando algumas linhas
Todas as coisas mudam e desvanecem, exceto os poemas, cicatrizes
Toda vez que morre o brilho de uma estrela, outra nasce em minha palma
Toda vez que olho pro céu um dejavu me faz pensar nas estações

Seasons

Seasons pass by on this track,
Wagons full and empty arrive and depart all the time.
They carry longings and resentments in their baggage,
Some hands wipe away tears while others wave goodbye.
The escape valve of my dreams,
Like loose clouds hiding from the sulfur.
Industrial places,
Riverbanks,
Old roads, mangroves, dens,
Any place of abandonment with pines and willows,
Is a perfect setting to forget that I'm living.
Hours pass and I give thanks for that,
The winds move the mills that crush martyrdoms.
All things change with the passage of time,
And I don't know why I insist on saying I'm the same.
Seasons

Wandering through wagons of reverie,
Slowly, station by station, passing by me.
Tunnels and flashes of light, vast vegetation,
Few dwellings until the end of the journey.
Nothing in the newspaper,
So I read memories from my mental diary.
I see gentle humans and demons among the neurons,
Where memory dwells for many years.
The steam goes by clouds in the sky,
Passing through the landscape that lifts the veil and reveals,
Horizons of myself that I paint on this canvas.
Sweat is water that dilutes the watercolor,
A family tree in the geological eras of my DNA.
While watching the railway take me to the steel express that shakes the stations.

There are few times that put us face to face with what has passed,
Winters and autumns have intense tones.
Dry leaves and their color remind me of what's left of moments that were immense,
I remain immersed in other climates that the earth cries out for.
She now complains, sick in a bed,
The beauty of spring and summer will not be the same,
Just as carnivals are no longer.
To be sane will be like an anointing,
What will be the new version of fun?
The universe experiencing an inversion,
And they tell me it's all pure invention.
There is no more conversation,
Only conversion of values into currency,
While we watch our existence in free fall through the seasons.

Seasons pierce me like knives and daggers,
Altering the course of water through the fibers of my soul.
I permeate this bed of life only with the juice of my dreams,
That runs through the pores of a body in abandonment (in pieces).
I don't sleep like an angel,
I hover like demons watching their dogs in confrontation.
From east to west of my room,
The mirror refuses me,
Tired of returning my anxieties to me.
Could my art be the meaning of my life?
I find myself thinking, wasting some lines.
All things change and fade, except poems, scars.
Every time the light of a star dies, another is born in my palm.
Every time I look at the sky, a deja vu makes me think of the seasons.