Текст и перевод песни Marco Aurélio - Sampa

Sampa

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente, não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
De mau gosto o mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo, afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprendi depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso, do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas, de campos e espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E os novos baianos te podem curtir numa boa

Sampa

Something happens in my heart
That only when I'm going down Ipiranga and São João Avenue
'Cause when I first got here I didn't understand anything
About your concrete corners' harsh poetry
About your girls' unassuming unrefinement

Back then, there was no Rita Lee for me
Your completest translation
Something happens in my heart
That only when I'm going down Ipiranga and São João Avenue

When I faced you head-on, I didn't see my face
I called bad taste what I saw
Called bad taste the bad taste
'Cause Narcissus thinks ugly what isn't a mirror
And the mind is terrified of what isn't old yet
Neither of those things wasn't before it when we're not mutants

And you were a hard start, I push away what I don't know
And those coming from another happy city dream
I learned fast to call you reality
'Cause you're the reverse of the reverse of the reverse of the reverse

Of the people oppressed in lines, in favelas, slums
Of the strength of the money that rises and destroys beautiful things
Of the ugly smoke going up, erasing the stars
I see your poets emerge, from fields and spaces
Your forests workshops, your gods of rain

Pan-Americas of utopian Africas, samba's grave
More possible new Zumbi's quilombo
And the new Bahians walk around in your drizzle
And the new Bahians can enjoy you in peace