Adriana Calcanhotto - A Fábrica Do Poema Lyrics

Lyrics A Fábrica Do Poema - Adriana Calcanhotto



Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento encaixa palavra por palavra
Tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras
Acordo e o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo
Acordo, o prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vendo
E evola-se, cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido
Acordo, os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos
Assim é que saio dos sucessivos sonos
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos
Metonímias, aliterações, metáfora
Oxímoros sumidos no sorvedouro
Não deve adiantar grande coisa
Permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono
Nem dormir deveras
Pois a questão-chave é
Sob que máscara retornará o recalcado?
Sob que máscara retornará?
Sob que máscara?



Writer(s): Adriana Da Cunha Calcanhotto, Waly Salomao


Adriana Calcanhotto - A Fábrica Do Poema
Album A Fábrica Do Poema
date of release
09-09-1994




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