Trovante - À flor da vida (à memória de José Dias Coelho) Lyrics

Lyrics À flor da vida (à memória de José Dias Coelho) - Trovante



À flor da vida
A flor da vida o peito te vararam teu sangue derramaram os olhos te vidraram companheiro
À flor da vida eis te de olhos cerrados debaixo da terra da terra que amaste vivendo sofrida a morte e a vida daqueles por quem vivendo lutaste por quem lutando tombaste companheiro
Noite após noite aclaras de papoulas o negrume e do meio do silêncio a tua voz crescendo nas raízes até nós vinha dar nos a força de saber da nossa força o lume companheiro
E àqueles que se abismavam isolados olhando em volta sem ver uns dos outros alheados longe estando estando perto trazias a razão de conhecer que eram aquilo que são
Trigo da mesma seara pedras da mesma estrutura homens da mesma face gente de uma cara fogo da mesma luta gotas da mesma amargura elos da mesma classe
Produtores de todo o pão
Por isso os donos lobos mandaram que te cercassem te prendessem torturassem
À flor da vida o peito te vararam os olhos te vidraram companheiro
Não te mataram
Te juramos pela luta que lutamos que não morte que a vença pelos punhos que levantamos pela dor
Lágrimas que rudes faces sulcaram não tendo tua presença não ouvindo tua voz
Pelo povo te juramos pelo amor pelo grito que ecoou de Alcântara mar até sempre quando teu corpo tombou
Companheiro
À flor da vida os olhos te cerraram companheiro
Contigo que a terra com teu sangue semeaste cerramos fileiras e em frente levaremos a bandeira que prostrado mais alto levantaste e à vida na flor da vida nos deixaste companheiro
Das mãos obreiras se projecta o seu fulgor para além dos dias gradeados de medo e morte ensombrados que quiseste havemos de libertar
Da tua luta perto vem precisa definida a força que a dor e a razão frutificaram
É antemanhã!
Te juramos pela flor da vida que nos olhos te vidraram camarada




Trovante - Chão Nosso




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