Paroles et traduction André Teixeira - Sombras Que Vivem

Sombras Que Vivem

Quando eu encontro estendida
No meio do capim ralo
A sombra que foi cavalo
Hoje em completo abandono
Sem um amigo, sem dono,
Por Deus, que sinto um abalo.

Na direção da querência
Tenho a cabeça voltada
E uma lágrima enredada
Nos olhos tremeluzindo
Como uma estrela saindo
Na silente madrugada.

De certo algum pingo nobre
Desgarrado na peleia
Que sofrendo cambaleia
E tantas penas reflete
Bota nas rédeas meu flete
E a tristeza me esporeia.

Nem o índio mais cansado
Que muito tenha sofrido,
Pode abafar um gemido
Ao ver em tal decadência
Um outro irmão da querência
Que traga o tempo vencido.

Quanto a mim sinto a tristeza
Que vem troteando na frente
A saltar me de repente
E aborrecido me calo
Pois que a sina do cavalo
É semelhante da gente.

Quando o paisano abre os olhos
Já tornou se a mocidade
Tapera que o mato invade
Da qual só resta um esteio
Já se partindo no meio
Que a gente chama: saudade!

Shadows of Life

When I find you lying down
In the middle of the thin grass
The shadow of a horse
Now completely abandoned
Without a friend, without an owner,
By God, I feel a shock.

In the direction of our home
I have my head turned
And a tear tangled
In my eyes, shimmering
Like a star rising
In the silent morning.

Surely some noble creature
Lost in the fight
Who, suffering, staggers
And reflects so much pain
Put the reins on my horse
And sadness spurs me on.

Not even the most tired Indian
Who has suffered greatly,
Can stifle a groan
When seeing in such decay
Another brother from our home
Who carries the weight of time.

As for me, I feel the sadness
That trots along in front
Leaping at me suddenly
And, annoyed, I shut up
For the fate of the horse
Is similar to that of man.

When the countryman opens his eyes
Youth is already gone
A ruin invaded by the jungle
Of which only a pillar remains
Already breaking in the middle
That we call: nostalgia!