Текст песни Poema "Burrinho Pampa" (Trilha: Violeiro Solitário) - Marco Brasil
Eu
nasci
num
campo
aberto
bem
distante
da
cidade
E
vivi
os
primeiros
anos
da
minha
vida
Com
papai
e
mamãe
em
completa
felicidade
O
meu
pai
me
levava
com
ele
em
todos
os
cantos
E
mamãe
com
o
seu
manto
me
cobria
todas
as
noites
na
hora
de
se
deitar
Quando
o
dia
amanhecia
eu
já
corria
lá
pro
terreiro
a
brincar
E
meu
pai
logo
vinha
pra
me
colocar
na
garupa
do
seu
cavalo
E
saia
comigo
pra
galopar
Colocava
o
seu
chapéu
na
minha
nuca
e
eu
ia
Gritando
"upa"
"upa"
fazendo
aquela
arruaça
E
minha
mãe
achava
graça
vendo
de
longe
a
gente
brincar
Um
certo
dia
um
domingo
de
manhã
Era
o
meu
sexto
aniversario
e
eu
nem
sabia
Foi
quando
eu
vi
o
meu
pai
chegando
da
cidade
Puxando
um
burrinho
pampa
eu
achei
até
que
não
era
verdade
Mas
quando
ele
chegou
me
deu
um
beijo
e
me
abraçou
E
me
colocou
em
cima
do
arreio
daquele
burrinho
e
desse
jeito
falou
Meu
filho
você
sabe
que
o
seu
pai
não
tem
dinheiro
Mas
nunca
nada
lhe
faltou
Eu
já
sofri
muito
na
vida
E
pouca
coisa
pra
mim
restou
Mas
eu
tenho
um
orgulho
tão
profundo
E
é
dois
tesouros
que
Deus
não
me
negou
Um
é
sua
mãe
que
eu
amo
tanto
E
outro
é
você
que
é
a
maior
alegria
que
eu
tenho
nesse
mundo
E
de
hoje
em
diante
você
não
precisa
mais
Da
minha
garupa
pra
brincar
de
"upa"
"upa"
Você
já
mereceu
você
é
um
menino
esperto
e
eu
tenho
certeza
que
Aqui
por
perto
ninguém
tem
um
burrinho
tão
bonito
que
nem
o
seu
Foi
tanta
a
minha
euforia
que
eu
pulava
de
alegria
eu
Beijei
tanto
meu
pai
naquele
dia
que
ele
até
se
comoveu
Eu
ia
lá
na
estrada
galopava
e
voltava
Ia
lá
na
roça
galopava
nas
paióças
E
todo
mundo
que
eu
via
eu
já
corria
Pra
mostrar
o
burrinho
que
o
meu
pai
me
deu
Quando
o
meu
pai
ia
pra
cidade
com
o
burrinho
eu
acompanhava
Foi
a
melhor
fase
da
minha
vida
na
volta
Pra
casa
à
gente
sempre
apostava
corrida
E
ele
sempre
deixava
eu
ganhar
Pros
meus
amiguinhos
eu
sempre
falava
do
orgulho
que
eu
Tinha
e
que
pai
melhor
do
que
o
meu
no
mundo
não
existia
Todos
os
dias
eu
ia
com
o
meu
burrinho
na
escola
E
a
tarde
eu
voltava
correndo
com
os
meus
cadernos
amarrados
na
garupa
E
vinha
galopando
alegre
e
contente
vendo
meu
Pai
lá
na
porteira
me
esperando
pra
me
abraçar
Era
tanta
a
felicidade
que
eu
sentia
que
ate
Parecia
que
aquilo
tudo
era
um
sonho
que
eu
vivia
E
que
nunca
iria
se
acabar
Mas
esse
foi
o
meu
maior
engano
por
que
Quando
chegou
o
final
do
ano
no
último
dia
de
aula
Eu
vinha
voltando
da
escola
cortando
meu
Burrinho
na
espora
naquela
pressa
de
chegar
De
longe
eu
vi
a
porteira,
mas
o
meu
pai
não
estava
lá
Quando
eu
fui
chegando
em
casa
já
vi
um
monte
de
gente
chorando
E
já
foram
me
segurando
dizendo
que
eu
não
podia
entrar
Todos
me
olhavam
com
pena
enquanto
eu
ouvia
alguém
Falando
que
aquilo
não
era
cena
que
uma
criança
pudesse
olhar
Mas
eu
não
entendia
o
que
aquela
gente
toda
fazia
E
por
que
eles
não
me
deixavam
entrar
Foi
quando
eu
vi
a
minha
mãe
que
veio
Até
a
porta
se
ajoelhou
na
minha
frente
E
me
abraçou
e
me
apertou
tão
forte
ela
chorava
Tanto
que
o
seu
pranto
gelava
nas
minhas
costas
E
olhando
a
nossa
volta
havia
um
silêncio
em
cada
rosto
E
minha
mãe
naquele
desgosto
olhou
bem
dentro
dos
meus
olhos
Que
nessa
hora
já
não
tinha
mais
aquele
brilho
de
alegria
Por
que
eu
sentia
que
a
noticia
não
era
boa
Mas
ela
não
me
dizia
por
que
as
palavras
não
saiam
de
sua
boca
Mas
olhando
nos
olhos
dela
eu
via
Uma
infinita
luz
de
tristeza
Que
me
fez
olhar
pra
aquele
monte
de
velas
acesas
Lá
no
meio
da
sala
e
imaginar
Que
aquela
coisa
estranha
feita
de
Madeira
é
que
era
a
razão
de
toda
aquela
tristeza
E
que
era
o
meu
pai
que
estava
lá
Mas
eu
não
queria
acreditar
Peguei
meu
burrinho
pampa
descambei
Nas
embernadas
e
o
meu
pai
fui
procurar
E
na
inocência
de
criança
por
todos
os
Cantos
eu
procurava
eu
corria
eu
gritava
Papai,
papai,
papai,
onde
o
senhor
está?
Chega
de
trabalhar
ta
ficando
tarde
vamos
Pra
casa
eu
ainda
tenho
tanto
pra
lhe
falar
Eu
tenho
uma
noticia
tão
boa
pra
te
dar
O
senhor
já
deve
até
estar
comemorando
papai
Eu
passei
de
ano
e
eu
queria
tanto
lhe
abraçar
Mas
agora
eu
estou
com
medo
eu
estou
chorando
papai
E
porque
o
senhor
não
me
aparece
nessa
hora
pra
me
ajudar?
O
senhor
sempre
foi
o
meu
herói
sempre
dizia
pra
mamãe
Que
o
senhor
nunca
ficaria
longe
de
nós
E
hoje
o
senhor
não
me
esperou
lá
na
porteira
E
eu
que
te
procurei
a
tarde
inteira
e
ainda
não
consegui
te
encontrar
Ta
escurecendo
papai
e
eu
tenho
medo
de
voltar
pra
casa
sozinho
Tem
um
monte
de
gente
estranha
lá
Por
favor
papai
vem
comigo
o
senhor
Queria
tanto
que
eu
passasse
de
ano
Vai
lá
e
diz
pra
aquela
gente
toda
que
aquilo
tudo
foi
um
engano
E
que
o
senhor
só
se
demorou
por
que
a
Gente
tava
brincando
de
apostar
corrida
E
que
pela
primeira
vez
na
sua
vida
o
senhor
tinha
conseguido
ganhar
Que
tristeza
tão
grande
meu
velho
pai
O
senhor
me
causou
naquele
dia
e
eu
que
Reclamei
tanto
quando
eu
não
te
vi
lá
na
porteira
Naquele
dia
me
esperando
pra
me
abraçar
Mas
agora
eu
tenho
a
vida
inteira
pra
te
pedir
desculpas
E
pelas
tantas
vezes
que
eu
insistia
Pra
que
o
senhor
me
levasse
na
garupa
E
o
senhor
não
podia
por
que
tava
trabalhando
E
eu
ficava
ali
insistindo
te
perturbando
Ate
que
o
senhor
se
comovia
e
num
gesto
de
paciência
colocava
eu
na
Sua
garupa
e
eu
te
abraçava
e
o
Senhor
dava
risada
de
ver
a
minha
alegria
E
aquela
folia
toda
que
eu
aprontava
Mas
uma
coisa
meu
velho
pai
Que
por
muitos
anos
eu
não
te
perdoava
É
que
em
todas
as
nossas
corridas
o
senhor
sempre
deixava
eu
ganhar
Mas
aquela
que
seria
a
mais
importante
Da
minha
vida
o
senhor
me
deixou
pra
trás
E
até
hoje,
até
hoje
eu
ainda
não
consegui
te
alcançar
Eu
era
tão
feliz
meu
pai
e
eu
sei
que
foi
o
Destino
que
quis
que
aquele
sonho
um
dia
acabasse
E
eu
esperei
tanto
para
que
o
Senhor
voltasse
pra
me
fazer
de
novo
feliz
Mas
agora
eu
já
tenho
dezesseis
anos
de
idade
E
minha
corrida
agora
é
contra
a
dor
e
a
saudade
Por
que
eu
sei
que
na
realidade
hoje
eu
estou
sozinho
Nas
mãos
de
Deus
o
senhor
sabe
a
mamãe
também
já
morreu
E
eu
sinto
tanta
falta
dos
seus
carinhos
Sabe
meu
pai
eu
sei
que
é
difícil
viver
neste
mundo
sozinho
Mas
ainda
eu
tenho
meu
burrinho
Aquele
mesmo
que
o
senhor
um
dia
me
deu
Agora
ele
esta
grande
ficou
bonito
cresceu
E
hoje
eu
sei
que
ele
sofre
tanto
quanto
eu
Por
que
ele
sabe
a
falta
que
o
senhor
me
faz
De
vez
em
quando
meu
pai
eu
saio
galopando
com
ele
pela
estrada
E
às
vezes
eu
passo
para
trás
o
arreio
e
vou
sentado
Na
garupa
olhando
pra
aquele
arreio
vazio
na
minha
frente
Imaginando
o
senhor
ali
sentado
e
eu
abraçado
na
sua
cintura
Parece
que
eu
sinto
até
o
cheiro
das
suas
costas
da
sua
camisa
suada
Do
sol
quente
do
mormaço
e
de
repente
olho
pros
meus
braços
E
sinto
aquele
vazio
com
o
coração
quase
Parando
enquanto
o
burro
vai
calando
os
seus
passos
E
eu
fico
ali
parado
engolindo
as
lagrimas
E
os
soluços
que
na
garganta
vem
apertando
Triste
sina
do
meu
passado
que
ainda
vive
me
machucando
E
a
vida
que
tudo
ensina
já
me
ensinou
Um
ditado
que
pra
mim
é
o
mais
profundo
Amar
os
pais
enquanto
eles
tem
vida
por
que
depois
de
eles
Enterrados
não
tem
remédio
nesse
mundo
que
pode
curar
essa
ferida
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