Lyrics Vida cotidiana - Jorge Mautner

À uma você fuma e às duas vai pras ruas
E às três, telefona pra Inês
Alô, benzinho? Vem correndo
Que eu guardo uma surpresa pra você (é)

Às quatro, você faz cena de teatro
Às cinco, fecha a porta com o trinco
E às seis, o problema é de vocês

Eu falei pra você não falar nada pra ele
Nem nada pra ela, você falou
Agora o problema é todo seu
Resolve, resolve, quero ver

Às sete, você vira um travesti vedete
Às oito, você fica um xuxu, biscoito
Às nove, você ama e se comove

Às dez, eu te faço cafunés com os pés
Às onze, você faz cara de pau, olhos de bronze
Às doze, você faz aquela pose

Você quer uma rosa ou uma rose?
Ou quer eu que chose?
Eu vou imitar um avião, hein

À uma você fuma e às duas vai pras ruas
E às três, telefona pra Inês
Alô, benzinho?
Vem que aqui aguarda uma surpresa

Às quatro, você faz cena de teatro
Às cinco, fecha a porta com o trinco
E às seis, o problema é de vocês

Eu te falei: Não fala pra ele
Não fala pra ela, tu falou?
Agora o problema é todo teu

Às sete, você vira um travesti vedete
Às oito, você fica um xuxu, biscoito
Às nove, você ama e se comove

Às dez, eu te faço cafunés com os pés
Às onze, você faz cara de pau, olhos de bronze
Às doze, você doze, você faz aquela pose

Quer uma rosa ou uma rose?

Olha, ouçam a sirene da ambulância
Ela vem pegar você, olha lá
Eu fico triste olhando as violetas neste quarto
(E o cabrito? E o cabrito como é que faz?)
O cabrito faz: Mé, mé
E o boi faz: Mú, mú
E o gatinho faz: Miau, miau
(E o cachorrinho?) Au-au-au-au
(E o ser humano?) ah, o ser humano faz

Ai meu Deus, tô vendo demais cena de televisão
(Você tem visto demais televisão) é
Você é herói ou anti-herói? Telenovela

Aí meu Deus, o mistério do crime
Mas a telenovela
Mas a telenovela é educação sentimental da classe média nacional
Eu não quero mais saber, eu estou com os nervos partidos e destruídos
Desde que você viajou para os Estados Unidos

Você reparou como batucada parece ruído de metralhadora?
Ai, que coisa mais louca (tudo parece, tudo parece)

Voam para o oriente todas as sombras
Voam e se deitam no poente todas as pombas
Pombas, pombas