Vinicius de Moraes - O Poeta e a Lua Lyrics

Lyrics O Poeta e a Lua - Vinicius de Moraes



O poeta e a lua
Em meio a um cristal de ecos
O peota vai pela rua
Seus olhos verdes de éter
Abrem cavernas na lua
A lua volta de flanco
Eriçada de luxúria
O poeta, aloucado e branco
Apalpa as nádegas da lua
Entre as esferas nitentes
Tremeluzem pelos fulvos
O poeta, de olhar dormente
Entreabre o pente da lua
Em frouxos de luz e água
Palpita a ferida crua
O poeta todo se lava
De palidez e douçura
Ardente e desesperada
A lua vira em decúbito
A vinda lenta do espasmo
Aguça as pontas da lua
O poeta afaga-lhe os braços
E o ventre que se menstrua
A lua se curva em arco
Num delírio de volúpia
O gozo aumenta de súbito
Em frêmitos que perduram
A lua vira o outro quarto
E fica de frente, nua
O orgasmo desce do espaço
Desfeio em estrelas e nuvens
Nos ventos do mar perpassa
Um salso cheiro de lua
E a lua, no êxtase, cresce
Se dilata e alteia e estua
O poeta se deixa em preçe
Ante a beleza da lua
Depois a lua adormeçe
E míngua e se apazigua
O poeta desapareçe
Envolto em cantos e plumas
Enquanto a noite enlouquece
No seu claustro de ciúmes



Writer(s): Marcus Vinicius Da Cruz De M. Moraes


Vinicius de Moraes - Antologia Poética
Album Antologia Poética
date of release
01-01-1977




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