paroles de chanson Violeta - Indy Naíse
A
violeta
menina
preta
da
cabeleira
crespa
você
não
se
lembra,
não?
Na
tua
escola,
"nega
maluca",
"Ai
que
mina
mais
reclusa,
que
burra,
não
faz
lição!"
Na
tua
casa
pra
cada
dedo
da
mão
direita
esquerda
ela
tinha
um
irmão
Seu
pai
foi
embora,
Sua
mãe
chora
na
cama
todos
os
dias
por
causa
da
depressão
Não
vai
sonhar,
vai
estudar
pra
trabalhar,
Pra
trabalhar,
até
poder
comprar
um
pedaço
de
chão
Pra
despencar,
pra
se
atirar,
Pra
se
jogar
cansada
depois
de
tantos
dias
servindo
a
tua
nação
A
violeta
menina
astuta
já
foi
cair
Lá
na
labuta
pra
poder
comprar
o
pão
Desamparada
e
desdentada
violentada
pela
vida
e
também
pela
questão
A
violeta
bate
sua
tapoé
de
moedas,
Chama
na
rua
qualquer
um
boy
de
patrão
A
violeta
foi
expulsa
da
escola,
Ela
foi.
A
violeta
não
tomou
nem
banho,
não
A
violeta
lá
da
vitrine
olha
o
Mickey,
olha
Minnie
na
tela
televisão
A
violeta
não
tem
vaidade,
Não
penteia
o
seu
cabelo
já
não
faz
mais
a
questão
Mas
o
avanço
desses
homens
da
cidade
Nas
mina,
na
violeta
não
pedem
a
permissão
A
violeta
senta
na
São
Bento
e
chora,
A
violeta
ignora,
quer
comer
arroz
feijão
A
tua
a
lábia
pigmentada
com
Batonzinho
importado
ou
da
Natura
ou
da
Avon
A
tua
olhada
toda
enojada,
entojada,
atravessando
a
rua,
sua
feição
Por
violeta
passam
cem
carros
do
ano
Por
cima
da
tua
cabeça
pra
Miami
os
aviões
A
violeta
tá
cansada
de
São
Paulo,
A
violeta
já
carrega
em
si
o
corpo
de
João
Joga
pra
cá
vira
pra
lá,
Não
quero
ver
e
nem
pensar,
nem
nessa
gente,
nem
nessa
situação
Vou
me
trancar,
vou
estagnar,
vou
alienar,
Vou
me
esconder
num
condomínio
pra
acalmar
o
meu
coração
Até
que
um
dia
tu
trombra
com
ela
na
rua,
Quem
disse
que
a
violeta
não
é
responsabilidade
tua?
Até
que
um
dia
tu
tromba
com
ela
na
rua,
Quem
disse
que
a
violência
não
é
responsabilidade
tua?
Acorda
cedo,
trampa
muito,
dorme
tarde.
Acorda
cedo,
trampa
muito,
Não
tem
mais
moleza
não.
Acorda
preta
ergue
a
cabeça,
Trampa
muito,
ignora
a
negligência,
o
racismo
e
a
discriminação.
As
violetas
tão
na
sarjeta,
Tão
nos
beco,
nas
viela,
na
rua,
nos
quarteirão
A
violeta
na
noite
escura,
violeta
não
é
burra
decorou
sua
lição
A
violeta
tá
bem
debaixo
da
ponte,
Tá
na
chuva,
no
relento,
tá
sofrendo
a
repressão
A
violeta
no
seu
bairro,
Lá
na
esquina
a
violeta
é
a
menina
na
faixa,
na
estação
A
violeta
pede
carona,
três
milhões
de
violetas
transitando
no
busão
A
violeta
é
brasileira,
menina
guerreira
sem
RG
nem
certidão
Joga
pra
cá,
vira
pra
lá
não
quero
ver
e
Nem
pensar,
nem
nessa
gente
nem
nessa
situação
Vou
me
trancar,
vou
estagnar,
Vou
alienar
vou
me
esconder
num
condomínio
pra
acalmar
o
meu
coração
Até
que
um
dia
tu
tromba
com
ela
na
rua,
Quem
disse
que
a
violeta
não
é
responsabilidade
tua?
Até
que
um
dia
tu
tromba
com
ela
na
rua,
Quem
disse
que
a
violência
não
é
responsabilidade
tua?
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