Текст песни 1987 - Lacruz

E eu queria uma saída, sei lá
Qualquer mentira serviria pra fingir que já tá tudo bem
E se ainda não tá tudo bem, eu sei que vai ficar
Porque se eu não acredito nisso acredita quem?

Eu só queria um pouco mais de esperança avulsa
Sem que eu tivesse que vender minha alma pra alguém
Sem ver minha vida escorrendo pelas minhas unhas
Esperando uma saída que eu sei que não vem

Era criança e a esperança era minha companhia
Me lembro bem de quantas vezes eu não tava lá
Só pra cuspir todas as lágrimas que eu engolia
Enquanto o espelho me prendia no mesmo lugar

Mas também me lembro dos raios de Sol
E do sorriso me fazendo ser casa em mim
E também lembro do silêncio sendo meu farol
Nas tardes em que as tempestades já não tinham fim

Anos depois eu pensei ter superado e
Aprendi cedo demais que não é fácil mentir
E agora vejo que eu nunca tive escolhas
Tenho medo e desde cedo e o meu segredo é nunca admitir

E lembro do Rafa me chamando no portão
Em suas mãos o novo disco do Dance of Days
Ele me lembra nossas horas conversando
E de sonhar coisas incríveis, impossíveis, como a gente fez

Lembro o Guilherme ouvindo o público gritando alto
Lembro do palco e da emoção gente estar ali
E foi assim que meu inferno de tormentos
Se acalmou por um momento e eu nunca sucumbi

Lembro da Nath e do Tuono do meu lado
Enquanto a gente escrevia mais uma canção
E hoje percebo que ter fé nunca é errado, mas aquilo que é sagrado
Só da depende da intensidade que você dispensa ao coração

As vezes é como se o mundo inteiro fosse festa
Mas os rojões estourassem apenas dentro de mim
E os sentimentos que escondi, todos embaralhados
Esperando a arrumação ou aguardando um fim

As vezes é como se o mundo inteiro fosse festa
E todos se conectassem por todos os lados
De grupo em grupo, eu fosse aquele que fala com todos
Mas que termina em um sofá, sozinho e embriagado

E quando o abismo me encarou foi quando percebi
Que eu não sou daqui, eu nunca fui daqui
Mas só que era cedo demais pra me ver desistir
Eu nunca fui daqui, mas já que eu to aqui

Que eu consiga caminhar na direção de mim
Que eu consiga reescrever meu início, meio e fim
Que eu consiga finalmente ver sentido, enfim
Em cada um desses motivos pelos quais eu vim

Porque todos os planos que eu grito a plenos pulmões
São retalhos que eu carrego de planos anteriores
E se eu pareço um exemplo de sucesso
É que você não viu de perto o sangue nos bastidores

E eu me orgulho da família em que nasci
Da casa cheia, o pouco espaço, mas nunca nunca apertado
A ironia é quando percebemos que
Todos se foram e o hiperativo continua estagnado

E eu não posso fingir que suporto
Se isso tudo é passageiro por quê dura há trinta anos?
São tantos planos que sufoco
E eu me afogo, enquanto, aos poucos, vou me autossabotando

Mas eu queria que vocês pudessem me ouvir
Ao menos uma vez o grito que sempre engasguei
E tudo que falei até aqui
Porque se eu permaneço aqui é só por causa de vocês!