O Cacilheiro - Carlos do Carmo traduction en anglais

O Cacilheiro

Lá vai no mar da palha O Cacilheiro,
Comboio de lisboa sobre a água:
Cacilhas e seixal, montijo mais barreiro.
Pouco tejo, pouco tejo e muita mágoa.
Na ponte passam carros e turistas
Iguais a todos que há no mundo inteiro,
Mas, embora mais caras, a ponte não tem vistas
Como as dos peitoris dO Cacilheiro.
Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no tejo
Por uma criança.
Num carreirinho aberto pela espuma,
La vai O Cacilheiro, tejo à solta,
E as ruas de lisboa, sem ter pressa nenhuma,
Tiraram um bilhete de ida e volta.
Alfama, madragoa, bairro alto,
Tu cá-tu lá num barco de brincar.
Metade de lisboa à espera do asfalto,
E já meia saudade a navegar.
Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no tejo
Por uma criança.
Se um dia O Cacilheiro for embora,
Fica mais triste o coração da água,
E o povo de lisboa dirá, como quem chora,
Pouco tejo, pouco tejo e muita mágoa.

The Ferryman

There goes the ferry in the sea of straw,
Lisbon's train over the water:
Cacilhas and Seixal, Montijo and Barreiro.
Little Tagus, little Tagus, and lots of sorrow.
Cars and tourists cross the bridge
Like all those in the world,
But although more expensive, the bridge has no views
Like those from the railings of the ferry.
It carries lovers, sailors,
Soldiers and workers,
And departs from a pier
That smells of newspapers,
Strawberries, and flowers.
It returns happy,
It has carried many people
And never tires.
It looks like a small boat
Launched into the Tagus
By a child.
In a path opened by the foam,
There goes the ferry, the Tagus at ease,
And the streets of Lisbon, in no hurry,
Have taken a round-trip ticket.
Alfama, Madragoa, Bairro Alto,
You here and there on a toy boat.
Half of Lisbon waiting for the asphalt,
And half of it longing.
It carries lovers, sailors,
Soldiers and workers,
And departs from a pier
That smells of newspapers,
Strawberries, and flowers.
It returns happy,
It has carried many people
And never tires.
It looks like a small boat
Launched into the Tagus
By a child.
If one day the ferry leaves,
The heart of the water will be sadder,
And the people of Lisbon will say, as if crying,
Little Tagus, little Tagus, and lots of sorrow.