paroles de chanson Poema Filho Ingrato - Marco Brasil
Certa
vez
estive
viajando
por
esse
Brasil
afora
Quando
me
vi
no
sertão
Numa
estrada
de
chão,
era
tarde,
umas
três
horas
De
repente,
meu
carro
quebrado
Fechei
os
vidros,
deixei
ali
encostado
E
ajuda
eu
fui
procurar
Quando
eu
vi
uma
casa
ali
perto
O
lugar
era
deserto
Pelo
trilho
comecei
a
andar
Fui
chegando
devagarinho
E
quando
vi
estava
pertinho
Por
ajuda
fui
gritando
A
casa
parecia
abandonada
A
porta
não
estava
trancada
Eu
abri,
fui
entrando
Na
entrada
logo
vi
que
alguém
morava
ali
Pois
tinha
uma
cama
velha
Duas
panelas
na
prateleira
Num
canto,
um
banco
encostado
O
fogão
de
lenha
do
lado
E
a
moringa
era
geladeira
De
repente
ouvi
um
gemido
Entrei
e
vi
um
velho
caído
Que
me
disse
com
a
voz
estremecida
Meu
filho,
sente
aqui
do
meu
lado
Só
ouça,
fique
calado
A
história
da
minha
vida...
Eu
era
um
rapaz
faceiro
Era
o
rei
dos
boiadeiros
Tinha
vida
pra
dar
e
vender
Na
viola
eu
era
um
açoite
Trabalhava
dia
e
noite
Só
não
sabia
ler
e
escrever
Me
apaixonei
por
uma
moça
chamada
Tereza
E
no
dia
do
nosso
casamento
Dançamos
até
noite
adentro
E
eu
fazia
meus
planos
Vou
construir
nossa
casinha
Criar
gado,
criar
galinha
Nem
que
demorasse
muitos
anos
Mas
aí
veio
a
tristeza
A
minha
querida
Tereza
O
filho
não
pôde
suportar
Foi
sentindo
a
dor
do
parto
E
ai
nesse
mesmo
quarto
Ela
partiu
e
com
Deus
foi
morar
Fiquei
eu
e
o
menino
Tracei
ali
o
seu
destino
e
jurei
a
ele
estudo
dar
Nem
que
eu
tivesse
o
sacrifício
Se
fosse
pro
seu
benefício
Até
sangue
eu
ia
derramar
Mas
quem
tem
Deus
não
se
apura
Mesmo
levando
uma
vida
dura
Eu
não
podia
me
queixar
Eu
era
muito
valente
O
menino
inteligente
Arroz
e
feijão
nunca
ia
faltar
Me
lembro
como
se
fosse
agora
Ele
chegando
da
escola
No
ultimo
dia
do
ano
E
com
sua
simplicidade
me
disse
Pai,
eu
quero
entrar
na
faculdade
Pois
é
esse
meu
plano
E
se
foi
para
a
cidade
grande
Me
deixando
aqui
tão
longe
Para
vencer
no
seu
futuro
Eu
fazia
economia,
trabalhava
noite
e
dia
Para
manter
o
seu
estudo
Se
passaram
quatro
anos
E
eu
na
roça
lutando
Numa
vida
muito
dura
Mas
ao
céu
eu
agradeci
Pela
graça
que
recebi
Pois
chegou
o
dia
da
sua
formatura
Vesti
meu
terno
de
estopa
Eu
não
tinha
outra
roupa
No
meu
pé,
meu
velho
sapatão
Com
as
unhas
sujas
de
terra
Pulei
vale,
cruzei
serras
Pra
ver
meu
filho
receber
a
sua
formação
Fui
chegando
na
cidade
E
com
a
minha
simplicidade
No
salão
eu
fui
entrando
Quando
vi
meu
filho
do
lado
Tava
bonito,
tava
arrumado
E
pro
seu
lado
fui
andando
Eu
fui
com
os
braços
abertos
Mas
na
hora
ele
saiu
de
perto
Com
uma
cara
risonha
Criticou
minha
roupa
velha
As
unhas
sujas
de
terra
Falou
que
de
mim
estava
com
vergonha
Foi
embora
e
me
deixou
ali
num
canto
Dos
meus
olhos
escorreu
pranto
E
no
meu
peito
uma
grande
dor
Pois
ali
me
desprezava
Quem
eu
tanto
ajudava
Do
fundo
do
meu
amor
Fui
saindo
do
salão
Cruzei
aquela
multidão
Com
o
peito
cheio
de
tormento
Então
voltei
pra
essa
casinha
Pra
tocar
minha
vidinha
E
esquecer
meu
sofrimento
Hoje,
hoje
estou
velho,
eu
sei
De
tanto
que
trabalhei
Da
minha
dor
que
mais
parece
uma
ferida
O
meu
filho
eu
não
vi
nunca
mais
Hoje
deve
ser
doutor
ou
senhor
dos
tais
E
eu
aqui,
no
fim
da
minha
vida
Mas
vá,
parte
agora
E
se
um
dia
encontrar
meu
filho
Por
essa
estrada
afora
Diga
à
ele
que
aquele
terno
de
estopa
Que
eu
usei
no
dia
da
sua
formatura
É
o
mesmo
terno
que
usei
No
dia
que
me
casei
Com
aquela
que
morreu
para
lhe
dar
a
vida
E
é
com
ele
que
eu
vou
para
sepultura
Diga
também
que
foi
com
aquele
velho
sapatão
Que
eu
trabalhei
e
tirei
desse
chão
O
sustento
do
seu
futuro
E
as
unhas
sujas
de
terra
Representa
o
anel
de
formatura
De
quem
nunca
teve
estudo
E
por
fim,
diga
a
ele
que
eu
lhe
perdôo
Que
por
Deus
eu
lhe
abençôo
E
não
reclamo
a
minha
cruz
Foi
tão
grande
meu
sofrimento
Mas
não
se
compara
em
nenhum
momento
Ao
sofrimento
de
Jesus
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